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Como Escrever Um Livro em 6 Passos ou "A Perfeição Leva Uma Eternidade"

Algumas pessoas que sonham em escrever um livro ficam surpresas ao descobrirem que não basta apenas escrever, é preciso planejar e estruturar, escrever e reescrever duas ou três vezes antes que algo possa ser publicado.

Talvez pensem que é uma espécie de mágica. Você joga algumas letras na máquina ou no computador e, em questão de segundos, o livro sai voando do outro lado. Talvez se apeguem tanto ao campo das ideias que relacionem o ato de escrever mais com inspiração do que com trabalho duro, com mão na massa, com execução.
Tenham certeza de que os escritores de maior sucesso são aqueles que aplicam algum tipo de disciplina no “trabalho de escrever”. A poesia ligada ao ato de colocar letras sobre o papel é importante, só que precisa de pés e mãos para tornar físico o que é metafísico.
Se você quer ter sucesso como escritor, vai precisar doar muito antes de receber seus royalties.

Você pode chorar, bater o pé, dizer que não se submete à ditadura fascista das horas, ao estudo limitante das técnicas, ao processo enervante de estruturação ou a qualquer outra atividade racional demais para um “escritor puro”. No entanto, saiba que não há melhor caminho do que a disciplina para chegar a algum lugar, o que inclui publicar um livro. Sei que não é fácil, mas no fim, vale muito a pena.

Minha sugestão é que você divida sua escrita em seis campanhas ou drafts, se você preferir o termo em inglês. Aqui vão elas:

Primeira Campanha – Ideias

Jorre ideias! Jorrar ideias é fazê-las brotar do solo cinzento que você carrega na caixa craniana. É felicidade pura. Procure um espaço e um tempo distantes da muvuca e do excesso de interrupções da vida moderna e, diante de uma caneta BIC e uma folha de papel em branco, jorre ideias sem medo.
Esta é a fase onde você sonha grande, pensa em ideias incríveis e se esgueira entre suas portinholas, tentando manter o fio da meada sem perder “la ternura” e a grandiosidade de cada uma delas. Guarde seus julgamentos para outro dia e crie a vontade, sem se policiar. Sonhe alto, sonhe gigante, enterre os medos e passe o raio laser nas dúvidas.

Segunda Campanha – Preparar a Planta

Agora é hora de checar se as ideias fluem como um rio, da nascente ao oceano. Uso o Painel de Navegação do Word neste momento, pois posso reordenar tudo de acordo com a minha inconstante vontade. Esta é a etapa em que você desenha, rabisca no guardanapo, faz a planta do seu livro.
Delineie a história e obtenha opiniões. Você pode conversar com quem é de sua confiança, discutir a trama, obter um primeiro feedback para saber se a casa terá capacidade de encantar, mesmo que ainda seja apenas uma maquete.
Neste ponto você precisa responder se quer mesmo dar vida a tal livro, se o seu compromisso com a história é poderoso o suficiente para que você se doe. É quase como se preparar para fazer um filho.

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Terceira Campanha – Fundação da Casa

Aqui você reúne e aprofunda os materiais: personagens, história pregressa, cenas, cenários, linha do tempo, organiza e reorganiza as fichas da trama, define como fará seu protagonista enfrentar a morte sem dó, nem piedade, rumo à grande transformação pela qual passará.
A fundação é quando você faz a história funcionar antes de fazê-la ficar bonita, é quando cimenta as bases, antes de começar a empilhar tijolos.
Muitos se esquecem de que somos seres com um lado cerebral mais dominante do que o outro. Se você é mais emocional, experimente se aprofundar um pouco mais na razão, na agenda, na disciplina da estruturação detalhista antes de partir direto para a próxima fase, a da escrita.

Quarta Campanha – Mão na Massa

Hora de sentar a bunda na cadeira e descarregar palavras e mais palavras e rechear o bolo. Se ficar paralisado aqui, tente usar a técnica do Contar Antes de Mostrar. Este é o clímax na vida do escritor. Apenas escreva.
Se você é mais racional, experimente soltar as amarras do barco nesta hora, esqueça os planos, os roteiros e os milhões de escopos que já preparou sobre a história e deixe-a fluir. Deixe o coração mandar bala nas teclas e vomite seu livro.
Ao fim da quarta campanha, você já poderá dizer para o mundo que seu novo livro vem aí e pode até postar um teaser da história. Afinal, sempre é tempo de se promover, mesmo longe de qualquer data de lançamento.

Quinta Campanha – Acabamento 

“Escrever é reescrever”. Esta frasezinha que já virou lugar comum em todos os blogs de escritores metidos a escrever sobre escrever, como eu, é preciosa. A etapa de reescrita é onde as grandes melhorias acontecem de verdade. Este momento é a grande chance de seu livro se transformar realmente em um bom livro. Não o deixe de lado, não apresse o rio, aja com a meticulosidade de um cirurgião, corte o que está sobrando, fortaleça o que está cambaleando e tenha em mente que menos é sempre melhor do que demais.
Se na fase anterior o coração é quem mandava, nesta quem deve mandar é o cérebro. Dê um tempo entre uma etapa e outra para que a chave vire e a mente analítica assuma o controle da emoção desenfreada. Coloque um prazo, senão a tentação da perfeição irá te atormentar pelo resto da vida e seu livro nunca ganhará o oceano azul do mercado.
Sei que é difícil, temos sempre a sensação de que falta alguma coisa, mas uma hora ou outra você precisa colocar um ponto final. Lembre-se que a perfeição leva uma eternidade. Termine bem antes disto.

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Sexta Campanha – Cobertura

Hora de colocar as telhas, tempo de edição e revisão, de colocar os pingos nos is, matar os advérbios, reduzir os pronomes pessoais, gerúndios, rever gramática e ortografia.
É hora de buscar o auxílio de um editor, um profissional que irá ler o livro com olhos… profissionais. Refaça o que tiver que ser feito e mande para a revisão.

Quando estiver tudo pronto, aquele momento em que você pode gritar “Parla!, publique e promova seu livro. Divirta-se com o lançamento, promoções, com o relacionamento com seus leitores e depois cuide para que a vida volte às letras.

Recolha-se de novo e parta para outra gravidez, para a construção de uma nova casa. Não existe escritor de sucesso com um livro só. 
E lembre-se: o equilíbrio é uma das principais qualidades do homem. Se seu processo for muito racional, isto pode fazer com que seu livro soe modelado demais, repleto de clichés resultantes do excesso de métodos. Se for mais emocional, pode se transformar em um devaneio difícil de acompanhar.

Leitores também são seres com um lado mental mais proeminente que o outro. Isto explica os fãs de obras emocionais e os fãs das obras racionais. Por que não tentar cativar os dois com uma história repleta de emoção, construída sobre uma trama forte e bem planejada? Não custa tentar.

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