Neste post, eu vou te contar sobre as três coisas que aprendi com Rubem Fonseca, que me levaram a ser bem avaliado pelos leitores do meu primeiro romance.
Rubem é autor de alguns clássicos contemporâneos brasileiros, como Agosto, Feliz Ano Novo e A Grande Arte, que eu considero suas obras essenciais.
Para quem não sabe, Rubem Fonseca é mineiro, nasceu em Juiz de Fora em 1925 e morreu em 2020 no Rio de Janeiro.
Meu primeiro Romance, “A Vida é Doce – A História de Imigrantes Italianos em Busca da Felicidade no Brasil do Século XX”, que veio depois de 23 livros de não ficção, não tem nada a ver com a temática dos livros dele, a ficção policial recheada de violência e personagens mundanos.
A Vida é Doce é sobre romance e superação de imigrantes italianos no Brasil no século XX.
No entanto, há três coisas que aprendi com o Mestre, que usei na trama e que fizeram com que os leitores curtissem bastante.
A primeira delas, e a mais óbvia, é…
1. União de fatos históricos com ficção.
Rubem é famoso por isso.
No seu romance Agosto, de 1990, que até virou minissérie depois, ele traz à tona uma história policial que culmina com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954.
Jô Soares também fez isso em o Homem que Matou Getúlio Vargas.
No meu caso, queria escrever uma história verídica, no caso sobre meu avô, imigrante italiano, mas sem aquela necessidade biográfica de compromisso total com a realidade.
O molho da ficção, aliado aos diálogos cinematográficos, recheado por fatos históricos, transformaram a biografia em um filme sobre papel.
A segunda inspiração é…
2. Não ser pretensioso no estilo.
Rubem escreve fácil, com fluidez.
Seu estilo é objetivo e direto e ele usa uma linguagem coloquial.
A tentação de rebuscar um texto aumenta quando se trata de um romance histórico.
Ainda mais com personagens com um idioma diferente do nosso.
Decidi narrar o livro da maneira mais simples com uma linguagem acessível, frases curtas e diretas e, com exceção de um termo ou outro, raríssimas vezes utilizei uma frase em italiano.
E a terceira coisa, que Rubem faz muito bem, é…
3. Explorar os defeitos do personagem
Em especial aqueles ligados aos comportamentos de luxúria.
Para Rubem isso é natural, pois a maior parte de seus personagens é marginalizada socialmente, como prostitutas ou criminosos.
Em a Vida é Doce, o vício, no álcool e no tabaco, é quase um personagem à parte da história.
Eles bebem, fumam, comem abastadamente e sofrem as consequências disso.
Aliás, em meus cursos de escrita criativa, sempre reforço a teoria de que se você usa ganchos com base em:
Medo, raiva, prazer, nojo, fome, movimento, sexo, perigo e rituais, as suas chances de manter o leitor ávido pelo próximo capítulo se multiplicam.
Então é isso:
Una ficção com fatos históricos, seja mais fluído e menos pretencioso no estilo e explore os vícios e comportamentos autodestrutivos de seus personagens.