Entrevista com Luciana De Gnone
Radicada no Rio de Janeiro desde 1980, a brasiliense Luciana de Gnone encontrou na literatura o caminho para expressar suas inquietações e experiências.
Formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Marketing, Luciana passou anos na área corporativa antes de descobrir sua verdadeira vocação enquanto vivia no Cazaquistão.
A transição para a literatura aconteceu quase por acaso, mas hoje, ela é reconhecida como uma das principais autoras de ficção policial com protagonismo feminino no Brasil.
A paixão pela leitura não foi despertada em Luciana durante a infância, como acontece com muitos escritores.
Foi na adolescência, ao ler os romances policiais de Sidney Sheldon, que ela percebeu o prazer de se perder nas páginas de um livro.
Essa descoberta tardia, combinada com sua visão crítica sobre o currículo escolar brasileiro, que muitas vezes apresenta os clássicos literários cedo demais, moldou sua abordagem única à literatura.
“A pessoa diz não gostar de ler até encontrar o livro certo,” afirma a autora, que hoje se vê fascinada pelo mundo do audiovisual, com novos projetos em andamento após se formar em Roteiro.
Construindo uma Marca Literária na Ficção Policial
Luciana se define como “autora de ficção policial com protagonismo feminino”, e essa escolha de nicho não foi fácil.
Construir uma marca nesse segmento exigiu muito mais do que talento literário.
Desde o ano passado, ela conta com o apoio de uma assessoria de imprensa para fortalecer sua presença na mídia, o que tem trazido frutos positivos e a inserido progressivamente no mercado literário.
“Ainda há um longo caminho a percorrer,” admite, mas os resultados alcançados até agora são prova de que a dedicação e a perseverança são fundamentais.
A Inspiração para Escrever Ficção Policial
A inspiração para suas histórias vem das complexidades da sociedade contemporânea e da moralidade em declínio.
Luciana acredita que a realidade muitas vezes supera a ficção, e, por isso, suas tramas são cuidadosamente construídas para equilibrar o crível e o intrigante, com um foco maior na investigação do que na violência gráfica.
Além disso, ela revela uma curiosidade peculiar: muitas de suas ideias surgem de sonhos, o que dá um toque único e pessoal ao seu processo criativo.
A rotina de escrita de Luciana é marcada pela flexibilidade, algo que ela valoriza profundamente.
Sua produtividade é maior nas manhãs, quando sua mente está mais clara e criativa.
Mesmo assim, equilibrar a vida pessoal com a profissional requer organização e prioridades bem definidas.
“Isso me permite dedicar tempo de qualidade tanto ao meu trabalho quanto às minhas atividades fora da escrita,” explica.
Uma Carreira em Ascensão
Com seis livros publicados, Luciana está construindo uma carreira literária focada em um gênero.
Sua trilogia protagonizada pela fotógrafa jornalística Betina Zetser aborda temas como escravidão moderna, violência contra a mulher e os limites éticos da medicina.
Em “Evidência 7: Segredo Codificado”, ela apresenta Val Ricci, uma inspetora da polícia que se vê envolvida em uma complexa série de crimes.
“Crimes em Copacabana: Caçada ao Dono da Babilônia” levou Luciana ao topo da lista dos mais vendidos da Amazon em sua categoria, um feito que ela agora ajuda outros autores a alcançar.
E em “Aquilo que Nunca Soube”, Luciana explora os traumas do abandono materno e a prática cruel da alienação parental, temas que tocam fundo em muitos leitores.
“Aquilo que Nunca Soube” é semifinalista do 7º Prêmio ABERST de Literatura na categoria Narrativa Longa de Ficção de Crime.
Ser autora, especialmente independente, é um desafio constante, mas Luciana encara essa realidade com a determinação de uma verdadeira empreendedora.
Ela dedica grande parte do seu tempo a garantir que seus livros sejam produtos de qualidade e atinjam o público certo.
“O livro é um produto e assim deve ser tratado,” diz, revelando sua visão pragmática do mercado literário.
Conselhos para Escritores Iniciantes
Para divulgar seu trabalho na ficção policial, Luciana investe em diversas frentes, desde a criação de uma comunidade engajada no Instagram, através do perfil @elasinvestigam, até a produção de uma newsletter #Evidenciando, dedicada ao universo do entretenimento policial.
No entanto, é nos eventos literários que ela encontra sua maior satisfação.
Este ano, na Bienal do Livro da Bahia, Luciana organizou um encontro especial que não só promoveu seus livros, mas também fortaleceu sua base de leitores na região.
Quando questionada sobre o que aconselharia a autores iniciantes, Luciana cita Richard Bach:
“Um escritor profissional é um amador que nunca desistiu.”
Para ela, o talento não é o único ingrediente para o sucesso literário, que também requer uma rede de contatos e presença ativa em eventos literários.
“Persistam, conectem-se e continuem aprendendo,” é o conselho de quem trilhou um caminho repleto de desafios e conquistas.
Luciana de Gnone é um exemplo de como a determinação, o talento e a visão estratégica podem transformar uma paixão em uma carreira de sucesso.
E para os leitores que buscam narrativas policiais instigantes com protagonistas femininas fortes, seus livros são uma descoberta que promete surpreender e cativar.
Acompanhe a autora em lucianadegnone.com.br
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