Quem me conhece sabe que sou um autor 100% independente.
Mesmo com muitos livros publicados, me faltava a experiência de uma noite de autógrafos.
Meus lançamentos sempre foram online, através do marketing digital, lista de e-mails, redes sociais etc.
Até que decidi escrever meu primeiro romance, depois de 22 livros de não ficção.
Tudo começou há dez meses, em Novembro de 2018, quando tive a ideia de contar a história dos meus avós, um imigrante italiano e uma mineira, que se apaixonaram em Passa-Quatro, cidade do Sul de Minas, onde nem sempre foram felizes para sempre.
Passei os três primeiros meses ouvindo histórias sobre eles, contadas por meu pai, tios e tias, e pesquisando sobre a imigração, a história da cidade e do Brasil no século XX.
Organizei a trama inteira em uma escaleta com 60 capítulos no Word, listei com bullets os acontecimentos e os eventos históricos que poderiam ajudar o leitor a se situar no espaço-tempo.
A história se passa no período entre 1915 e 1972, com dois capítulos finais com dois eventos importantes depois disso.
Como sou de 1969, passei boa parte da escrita vivendo em épocas nas quais nem era nascido.
Foi uma experiência mágica!
Desde o princípio, queria distância da biografia burocrática, daquela coisa de fulano era filho de sicrano.
Foquei na escrita de um romance com muitos diálogos e cenas rápidas.
O objetivo era ser cinematográfico.
Comecei a escrever mesmo em Janeiro de 2019.
O título veio de uma só vez:
“A Vida é Doce”, uma homenagem à minha avó, que se chamava Dulce, e ao Guaranita, refrigerante que também é personagem da trama.
O subtítulo demorou mais um pouco, pois queria ir além do círculo familiar.
Fiquei com “A história de imigrantes italianos em busca da felicidade no Brasil do século XX”.
A ideia era focar em capítulos curtos, de no máximo três páginas, com muitos diálogos.
E eles foram brotando um a um.
Alguns deles fluíram de uma só vez, como se fossem soprados pelos próprios personagens.
Outros demoraram mais, porque às vezes faltavam informações importantes, por conta de contradições em depoimentos ou por necessitarem de mais pesquisas históricas.
Tinha em mente lançar em Maio de 2019, por ser o mês do aniversário dos meus avós.
Subestimei meu próprio tempo, já que escrever não era a única tarefa da minha agenda.
O primeiro draft ficou pronto em meados de Junho e a versão lapidada na primeira semana de Julho, com 56 capítulos.
Dei uma enxugada, cortei o que estava sobrando, reforcei o que achei que devia.
Amarrei cada capítulo com ganchos, técnica para manter o leitor curioso com a sequência e diminuir seu desejo de largar o livro.
Fiz um post teaser no Facebook e no Instagram no dia 5 de Julho sobre a primeira parte da conquista:
Filho gestado e anunciado, era hora de trazê-lo ao mundo.
Agendei (mentalmente) a data de 17 de Agosto para a noite de autógrafos.
Começava, então, a fase de produção.
Criei três capas e submeti para a minha família para uma votação. A mais votada foi a escolhida.
No dia 12, fiz outro post, com a capa aprovada.
No dia 10 de Julho, o livro estava formatado e as artes-finais prontas para seguirem para a gráfica.
Fiz uma pesquisa com o Fabio Motta, da Casa da Cultura de Passa-Quatro, local do evento, sobre a quantidade média de livros vendidos em uma noite de autógrafos por lá.
— “100 livros, mais ou menos!” – Ele foi bem direto.
Encomendei o dobro.
No dia 25 de Julho as oito caixas com 25 livros cada chegaram.
Ficaram lindões e postei um vídeo folheando o livro no Instagram.
Mas nem tudo são flores.
Deixei passar um erro logo na primeira orelha, por conta de um copy-paste de um texto que incluí após a revisão.
E o erro se repetia na última página do livro.
Como não sou chegado a lamentações, comprei uma caneta permanente branca e mudei um “t” para um “d” em duzentas orelhas e duzentas páginas.
Daqui a 150 anos, sei que a versão corrigida vai valer uma fortuna.
Só depois que recebi os livros, agendei a data da noite de autógrafos com a Casa da Cultura.
Descobri, então, que era a semana da “La Mision”, corrida nas montanhas que acontece anualmente na cidade.
E que todos os hotéis, incluindo os da cidade vizinha, estavam lotados.
Mudei rapidamente para o sábado seguinte, dia 24 de Agosto, pois muitos parentes que moram longe não conseguiriam se hospedar.
Como é um livro sobre uma história familiar, para mim era mais importante receber os parentes e amigos, do que corredores desconhecidos.
Agendei o coquetel, fotógrafo e um cantor lírico, para fazer uma interrupção artística e relacionada ao tema do livro durante a noite de autógrafos.
Era hora de pegar firme no Marketing.
Encomendei 250 panfletos com o convite e eles chegaram no prazo combinado.
Fiz um post com a mesma arte no dia 25 de Julho.
Produzi um book-trailer e ele foi ao ar no Facebook e Instagram no dia 4 de Agosto.
Eu e a Cris, minha namorada, começamos a conversar sobre a decoração.
Criei uma arte especial para 10 fotos dos personagens da trama, que ela sugeriu que fossem exibidas em móbiles.
Como a trama conta também a história da fábrica de refrigerantes que meu avô fundou, Cris sugeriu usar garrafinhas com rótulos especiais espalhadas pelo salão.
Fomos visitar a Casa da Cultura e descobrimos que não era permitido pregar nada nas paredes ou no teto, o que inviabilizou o móbile.
Ela, então, sugeriu que as fotos fossem espalhadas em pranchetas sobre algumas mesas.
Encomendei um banner de um metro de largura por dois de altura com a arte da capa para ficar atrás da mesa onde autografaria os livros e compor o cenário das fotos.
A semana do lançamento exigiu um trabalho redobrado, não apenas de marketing.
Reconfirmei coquetel, fotógrafo o cantor.
Publiquei a versão impressa para a venda sob demanda do livro na Amazon.
A diferença do da gráfica estava em não ter orelhas, a capa ser fosca e sem erros.
Cinco dias antes do evento, repostei o convite, mudando a chamada de CONVITE para ESTÁ CHEGANDO!
Fiz vários stories no Instagram sobre o livro.
No dia seguinte, postei um capítulo inteiro do livro, o que causou um alvoroço de interessados.
No dia D pela manhã, postei a mesma arte do convite, com a chamada É HOJE, e lá fomos eu e Cris para a Casa da Cultura cuidar da decoração.
Ao meio dia estava tudo pronto!
Balcão para a venda de livros, mesa de autógrafos, mesas com as pranchetas e fotos, garrafinhas, flores.
E Cris ainda colocou dois baleiros na mesa das pranchetas, afinal, a vida tinha que ser doce.
O evento estava marcado para as sete da noite.
Às cinco e meia, coloquei as oito caixas de livros no carro e fui para o local, onde eu, Cris e minha filha Triza ensaiamos a recepção, determinamos a trajetória dos convidados, da entrada até a mesa de autógrafos.
O processo era o seguinte:
Elas receberiam os convidados no balcão colocado junto à porta, onde os livros seriam vendidos.
Em cada livro, um post-it com o nome para quem seria a dedicatória seria colado no livro e o convidado então seguiria para a mesa onde eu estaria a postos com a caneta preparada (e uma de reserva na gaveta).
Garçons do coquetel a postos, fotógrafo com o equipamento nas mãos, as portas foram abertas.
E o salão foi enchendo até ficar totalmente tomado.
Às oito da noite, dei uma pausa nos autógrafos, fiz um breve discurso, que tinha preparado à tarde.
Passei a palavra a meu pai, que também já estava com o seu discurso preparado e, logo em seguida, o Fabricio Cartier, o cantor lírico, mandou “Santa Lucia” à capela, porque a caixa de som deu problema na hora H.
Mas ele não se intimidou e deu um show.
Voltei para a mesa e a sessão de autógrafos continuou até perto das dez da noite.
A temperatura bateu na casa dos 12 graus, o que espantou alguns convidados.
Pelo menos não choveu, o que seria um problema ainda maior.
Resultado: 104 livros vendidos no evento, ou seja, dentro da margem de erro para mais ou para menos do Fabio.
Doei algumas cópias, especialmente para bibliotecas, vendi os 200 livros nas duas semanas seguintes.
Encomendei mais, já que nos próximos meses farei lançamentos nas cidades vizinhas.
A Amazon não me deixou descoberto, suprindo quem tinha interesse, mas que perdeu a chance de ter um tataraneto milionário (daqui a 150 anos) com a primeira edição de 200 cópias “corrigidas” à mão pelo autor.
A versão da Amazon, com a capa fosca, ficou mais “lavada” do que a da gráfica, com bopp brilho, mas eu gostei de ambas.
Como a Amazon não ajuda muito com relatórios marqueteiros, criei um URL curta para contar os cliques e depois comparar com as vendas: http://bit.ly/avidaedoce
Por fim, publiquei a versão em e-book, para aqueles que preferem os bits às tintas.
Mas a história não terminou.
Iniciei as fases de sustentação, que dura três meses após o lançamento, e depois vem a fase de manutenção, que é eterna.
Você pode fazer seu lançamento em uma livraria.
Vai te poupar o trabalho de decoração e a necessidade de você mesmo vender os livros.
Mas você terá que deixar 50% dos royalties para eles.
Nada contra, é só uma questão de opção e pensar o retorno sobre o investimento.
O que posso afirmar é que tudo valeu muito à pena.
Especialmente o aprendizado.
E com o retorno das pessoas, fiquei ainda mais motivado para as trilhas da escrita de ficção.
Confira alguns depoimentos que recebi até o momento:
“Acabei de ler seu livro. Emocionei-me, chorei, ri, achei uma história bonita e interessante do começo ao fim. É uma leitura gostosa, uma história bonita de amor.”
“Você me proporcionou uma viagem à Passa-Quatro da época da minha avó e bisavó. Quase pude caminhar pela cidade que elas sempre me contavam, imaginei as casas, as conversas ao pé do ouvido, os conceitos e preconceitos daquela sociedade que nos precedeu. Sua narrativa é leve, envolvente e torna a leitura um prazer, igual a degustar um bom vinho”.
“O texto de Eldes Saullo, sendo simples e direto, faz da sua leitura uma atividade gostosa e divertida. E o harmônico encadeamento dos capítulos garante a leveza do trabalho e prende a atenção do leitor do começo ao fim da narrativa. Livre da pretensão da análise literária, limito-me a cumprimentar o autor que, por sinal, nem mesmo conheço pessoalmente”.
“Escrito com inteligência e emoção.”
“Que maravilha… estou encantada, emocionada com seu livro.”
“Li numa sofreguidão só. Vivi cada momento. Um doce aprendizado marcado por sentimentos divinos, histórias de amor, esperança, fé e coragem. Parabéns! Você faz da escrita um ato de amor!”
“Acabei de ler o seu livro. Duas tardes apenas, porque eu o devorei. Fascinante!”
“Se fosse traduzir em uma palavra: Sensibilidade. É uma linda história de amor.”
“Minha mãe me deu de presente o seu livro. Li nessa madrugada. Caminhei pelas ruas de Passa Quatro dos anos 30, estive na estação ferroviária no expresso das sete da manhã. Seu livro me emocionou muito!”
“Um livro sensível e muito importante para as novas gerações. Queria continuar viajando na história. Aguardo a continuação. Bom demais!”
“Parabéns pela riqueza em cada detalhe.”
“Chorei e ri. Muitas emoções em cada página da vida através dos tempos. Obrigada!”
“Devorei página por página ontem. Amei o livro!”
“Parabéns por este livro tão cativante. Delicioso de ler! Que venham muitos outros.”
“Você me entregou seu livro 13h30 e eram 8h da noite eu já tinha acabado de ler. Adorei! Parabéns! Quero mais!
Agora, conto com a sua avaliação!
Acesse http://bit.ly/avidaedoce, compre o seu e depois me diga o que achou.
Ou se quiser a versão com orelhas autografada, envia um e-mail para eldes@lanceumlivro.com e combinamos os detalhes.
Se gostar, deixe uma avaliação na Amazon.
E que sua vida seja doce!
3 comentários em “A Vida é Doce – A história por trás da história ou Como fazer uma noite de autógrafos”
Excelente, Eldes! Gracias pela dedicação em compartilhar todo o processo! Valorizei muito esse post. Abraço!
Excelente! Adorei todos os detalhes, desde a concepção do projeto, desenvolvimento do enredo, preparativos e cerimonial para o lançamento. Muito profissionalismo. Me despertou muita vontade de adquirir e ler o livro. Parabéns.
Adorei conhecer todo o processo de criação e nascimento dessa obra que imagino ser muito cara a você. Fiquei ainda mais curiosa para conhecer a história dos seus avós. Obrigada por compartilhar e Parabéns, Eldes!