A Verdade Nua e Crua Sobre a Autopublicação em 7 Frases

Então, você suou para colocar um ponto final naquele livro que relutava em vir ao mundo, publicou-o na Amazon, fez uma divulgação aqui, outra ali, suspirou pelos cantos imaginando sua obra nas mãos de multidões de leitores encantados e… Nada!
Seu livro não se tornou um Best-Seller, tampouco você se transformou em um ESCRITOR com letras maiúsculas como sonhou um dia.

Olhando apenas para si próprio, não percebeu que já havia centenas de milhares de livros do mesmo gênero, categoria e subcategoria e não pensou em como se sobressair.
Demorou em se dar conta também de que todo aquele esforço agora não passava de um thumbnail imerso em um oceano de possibilidades dentro da maior livraria do mundo.
Enquanto seu ego insuflava o pensamento de que seu livro era O LIVRO, milhões de outros egos assopravam o mesmo aos seus incautos criadores.
Você até sentiu um calor no peito quando acessou o relatório no KDP e viu que a primeira cópia fora vendida.
Porém, logo este sentimento se transformou em um passeio pelo frigorífico em um dia de inverno, pois a linha do gráfico de vendas insistia em rastejar pelo zero.
Isto posto, vou te contar algumas coisas que aprendi na vida de escritor (e também fora dela) a partir de citações.
Elas me ajudaram muito no processo de superar decepção por decepção até obter algum reconhecimento junto aos meus doze leitores assíduos.
Assim, segure-se firme na poltrona e prepare-se para a jornada do herói da autopublicação em sete frases…


1 – “Não existe elevador para o sucesso, você precisa pegar as escadas.” (Zig Ziglar)

Existe uma vozinha “inocente” em nossas orelhas, e eu ainda não identifiquei se é a do mocinho ou do bandido, que canta sempre a mesma cantiga de que é possível decidir o que queremos escrever na segunda-feira, sentar diante do computador na terça, procrastinar na quarta e alcançar um sucesso estrondoso antes de postar “Oba! Hoje é Sexta-Feira!”
Saiba que todos os casos de sucessos da noite para o dia são precedidos de anos ou mesmo décadas de esforços, de tentativas e erros, de muito aprendizado.
A verdade é que se você não parar de idealizar o ato de escrever, de ficar esperando o momento, o lugar e a conjunção astral propícios para trazer seu livro ao mundo, tudo vai continuar na mesma.
Ou você se abanca e implanta a prática da escrita degrau por degrau ou seu livro continuará sendo um sonho pesadelo de uma noite de verão.

2 – “Sem ambição, ninguém começa nada. Sem esforço, ninguém termina. O prêmio não será enviado para você. Você precisa conquistá-lo” (Ralph Waldo Emerson)

A idealização do ato de escrever também se estende ao todo. A pessoa fantasia que basta colocar o ponto final no último parágrafo e logo estará dividindo o palco com J. K. Rowling em um debate acalorado sobre literatura infanto-juvenil.
Ela nem desconfia que um Best-Seller é fruto de dias e noites e mais dias e noites de planejamento, escrita, reescrita, edição e revisão.
O sucesso como escritor, como em qualquer outra área de atuação, é muito parecido com um iceberg.
Quem olha de relance, vê apenas a ponta reluzente, uma Polaroid sorridente tirada no fim de um dia árduo de trabalho.
Não percebe que, sob a linha visível da superfície, existe uma pedra titânica de persistência, fracassos, sacrifícios, bons hábitos e dedicação.
Muitos acreditam ainda que vivemos em Hogwarts.

3. “O único tipo de escrita é a reescrita” (Ernest Hemingway)

Escrever é reescrever. Ponto final.
Sim, você já ouviu isto, mas é sempre bom lembrar que é na reescrita que a mágica acontece.
Particularmente, as minhas melhores ideias surgiram na hora de reescrever ou depois de um tempo pensando no que acabei de escrever.
Escrever é mais ou menos como pescar olhando para o fundo do próprio barco.
Você vê um ou outro advérbio nas frestas, o chão sujo dos clichés e o lodo das frases despejadas sem pensar.
Reescrever é como mergulhar em alto mar, onde cardumes dançam em cores elétricas sobre corais, tubarões espreitam na sombra das grutas e pérolas crescem no silêncio das ostras.
E depois de reescrever, é preciso editar, revisar e testar.
Um editor pode te ajudar a corrigir falhas estruturais, buracos na trama e corrigir erros de continuidade.
Um revisor vai te ajudar a encontrar erros ortográficos e gramaticais.
Um leitor beta pode antecipar se os leitores delta, gama e teta vão gostar do que você escreveu e sinalizar possíveis avaliações positivas (ou negativas).
No entanto, tenha em mente que a história será sempre sua. Depende apenas de você torná-la melhor do que realmente pode ser.

Leia:  6 Inteligências Artificiais Indispensáveis para Escritores

4. “Simplicidade é sobre subtrair o óbvio e acrescentar o significativo” (John Maeda)

Volta e meia, um autor me envia o link de seu livro e implora por ajuda para fazê-lo sair do limbo.
Gentilmente, respondo que não sou uma editora nem uma agência de propaganda, mas, mesmo assim, clico para tentar compreender se existe alguma falha gritante ou algo terrível que impeça as vendas de deslancharem.
Já não me surpreendo mais quando me deparo com capas criadas pelo próprio sem a mínima noção de design ou pelo sobrinho nerd que adora a Comic Sans (atenção: se você não sabe o que é Comic Sans, não tente fazer sua própria capa).
Aliás, não faça sua capa se você não é um design gráfico ou um artista da comunicação visual.
Também não me causa mais espanto encontrar títulos sem sal ou pimenta e descrições sem qualquer tempero.
Faça-se um favor como autor independente:

  1. Quando for pensar no título, capa e descrição para seu livro, lembre-se da frase sobre simplicidade acima;
  2. Crie (e recrie!) um título sedutor, mesmo que seu livro não seja sobre cinquenta tons de alguma cor;
  3. Contrate um designer profissional e dê uma capa decente ao seu livro. Leia decente como PROFISSIONAL;
  4. Escreva uma descrição que não deixe outra escolha para o leitor que não seja comprar seu livro. Estude técnicas de vendas e persuasão e leia atentamente a dica seguinte…

5. “O mundo está cheio de pessoas chatas, idênticas e sem sentido” (Charles Bukowski)

Imagine que você entrou na recepção de um prédio e o maior jornalista do país entra no elevador com você rumo ao trigésimo andar. Você o reconhece, cumprimenta e diz que escreveu um livro. Ele, tentando ser simpático, pergunta:
– “Sobre o que é o seu livro?”
E você, com trinta segundos ou menos para causar um grande impacto, responde:
– “É sobre… é… sobre… uma história que… bem, vou falar como tudo começou… eu era criança ainda e morava no interior… mas antes preciso te contar sobre a moral da história para você entender… bem…”.
A porta se abre, o grande jornalista dá um sorriso amarelo, se desculpa porque está atrasado, deseja sucesso e desaparece para sempre da sua vida.
A primeira resposta que você precisa ter na ponta da língua é:
– “Sobre o que é o seu livro?”
E esta resposta precisa ser clara, cativante e entusiasmada.
Agora, vamos colocar os principais erros do escritor na voz do sujeito, o próprio:
O sujeito escreve um livro sobre um assunto ou tema batido, sem a menor criatividade, recheado de clichés.
O sujeito aborda um tema sob o mesmo ponto de vista dos outros sete bilhões de sujeitos do mundo.
O sujeito publica um livro e não fala mais de outra coisa no Facebook.
Para escrever um Best-Seller, é preciso ser original e criativo, pensar fora de todas as caixas.
E ser criativo não significa ser inalcançável pelos outros seres deste planeta. Você precisar fazer as pessoas acreditarem.
Siga o conselho de Oscar Wilde: “O homem pode crer no impossível, mas nunca acreditará no improvável”.
Mantenha-se no campo do que é provável e sua história terá credibilidade, mesmo que ela se passe em uma galáxia distante.
Depois, para vender um livro, como qualquer outro produto, é preciso pensar de verdade em um Plano de Marketing. Eu disse Marketing e não “Pentelhation”.
Respeite a paciência das pessoas e aja com foco. Não adianta ficar postando sobre o livro para seus duzentos amigos porque eles não são seu público.
Poste uma vez ou outra, apenas para dar alguma satisfação sobre os rumos da sua vida, mas sem intenção de vender para eles.
Para vender, é preciso usar as ferramentas para encontrar seus leitores ideais e interagir com eles.
Antigamente, você escrevia um livro e perguntava se o leitor tinha gostado.
Hoje, você pergunta sobre o que o leitor gosta e depois escreve o livro.

Leia:  Panorama da Leitura no Brasil: Quem São Nossos Leitores?

6. “Aja Sem Expectativas” (Lao Tze)

Eu sei que você já ouviu e leu dezenas de histórias de sucesso de autores que surgiram do nada e hoje têm unidades de livros vendidos na casa dos zilhões.
Para cada um deles, existe trezilhões de outros escritores que pagam suas contas através de outras atividades. E não há nada de mal nisto.
O fato é que quando tratamos de expectativas, o paradoxo é inevitável.
Você precisa, ao mesmo tempo, baixá-las para evitar o desapontamento e elevá-las para poder atrair coisas positivas em sua vida.
Sim, você já cansou de ler que não deve dar bola para pensamentos limitantes, como pode parecer, a princípio, a citação do autor do Tao Te King, acima.
Vou completar o pensamento com outra frase dele:
“O objetivo de toda ação é a eficácia”
Então, ao invés de agir com base em suas expectativas, aja pensando em ser eficiente.
E o que é preciso fazer para ser eficiente na vida de escritor sem se desapontar?
Dar o primeiro passo e subir o degrau do planejamento?
Missão cumprida!
Dar o segundo passo e subir o degrau da escrita?
Missão cumprida!
E seguir adiante nos outros degraus da reescrita, edição, produção, lançamento, promoção e inovação.
Se você precisar de uma ajuda, vou fundo em cada um deles em meu curso “Lance um Livro

7. “Não há regras para a felicidade” (Victor Hugo)

A verdade é que a infelicidade pode te dar muitas coisas que a felicidade não pode.
Porque é mais comum ser infeliz do que feliz na sociedade em que vivemos.
Se você é feliz, tem algo errado com você. Você é um impostor e está escondendo algo.
Assim, se você quer seguir infeliz culpando tudo e todos pelo insucesso do seu livro, este é um direito garantido pelo mundo ao seu redor.
Culpe seu trabalho que não te deixa tempo de sobra para escrever, culpe sua mulher ou seu marido ou seu pai ou sua mãe que vivem te dizendo que ser escritor, assim como o amor, não enche barriga.
Uma leitora, por exemplo, me culpou por desanimá-la sobre a ideia de traduzir seu livro para outros idiomas.
Provavelmente, ao começar a ler meu artigo, estava esperando algum feitiço do tipo “Translatum Agoram!”
Apesar da frase do Victor Hugo que abre esta dica, há sim duas regras para a felicidade:
Regra número 1: Deixe o passado para trás e o futuro para frente.
Regra número 2: Encha-se do vazio. (Medite a vontade sobre isto!)
Portanto, atue no presente, não aja com base em expectativas e busque a eficiência.
Não se entupa com delírios de grandeza. Não pense que você irá se tornar um John Grisham de hoje para amanhã.
Pode até acontecer, mas não acontece fácil nem acontece com frequência, muito pelo contrário.
Mas também não fique parado com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar.
Estabeleça metas menores e alcançáveis e comece a agir a partir delas.
Trabalhe com eficácia, ou seja, faça o que tem que ser feito.  Quebre o todo em partes e faça uma coisa de cada vez.
Trabalhe com eficiência, ou seja, faça bem feito. Estude técnicas de escrita, seja produtivo e aprimore sua escrita e seu marketing dia após dia.
Trabalhe com efetividade, ou seja, faça a coisa certa. Escreva livros que proporcionem experiências fantásticas para seus leitores e cuide da qualidade do conteúdo ao acabamento.
Escrever não é fácil. A autopublicação não é fácil.
Mas se você realinhar suas expectativas para dar um bom passo atrás do outro, tenho certeza que não vai se decepcionar se as coisas não saírem do jeito que você esperava.

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