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Anatomia de um Best-Seller: Parte IX – Relevância Sociocultural

Nos oito primeiros artigos da série “Anatomia de um BestSeller”, abordamos Temas Universais, Enredo, Personagens, Ambientação, Qualidade da Escrita, Batidas Emocionais, Ritmo, Originalidade, como ingredientes dos livros com poder de encantar mentes, corações e bolsos dos leitores.

Este capítulo apresenta o nono componente de um Best-Seller, sua relevância social e cultural.

Histórias que abordam questões sociais e culturais relevantes tendem a refletir as preocupações e experiências do público, criando um sentimento de identificação e empatia.

Sob tal ótica, podemos engajar leitores em discussões significativas, espelhando e influenciando suas próprias vidas.

A incorporação de elementos sociais e culturais relevantes em um livro pode expandir seu alcance e apelo.

Os leitores são frequentemente atraídos por histórias que oferecem novas perspectivas ou conhecimentos sobre diferentes culturas e sociedades.

E isso é ainda mais significante em um mundo cada vez mais globalizado, onde a curiosidade e o desejo de compreender as variadas nuances humanas são grandes.

Um livro que habilmente captura e apresenta tais aspectos pode atrair um público mais amplo e diversificado, aumentando suas chances de se tornar um best-seller.

Além disso, a relevância social e cultural em uma obra literária pode conferir a ela uma qualidade atemporal.

Livros que abordam questões pertinentes da sociedade não apenas encontram um lugar nas conversas atuais, mas também têm o potencial de permanecer relevantes para as gerações futuras.

Eles se tornam documentos de seu tempo, permitindo que futuros leitores experimentem e entendam as questões sociais e culturais de uma era passada.

Portanto, ao focar em temas sociais e culturais relevantes, você não só tem a oportunidade de alcançar sucesso comercial imediato, mas também de deixar um legado.

Assim, o nono grande aprendizado que quero compartilhar com você é…

“A Relevância na Sociedade e na Cultura gera Best-Sellers”

As histórias que conseguem captar e refletir as nuances complexas da sociedade e da cultura não só capturam a imaginação dos leitores, mas também permanecem com eles, provocando reflexão e discussão muito tempo depois da última página ter sido virada.

A partir dessa constatação, tenho cinco dicas que quero compartilhar com você sobre isso.

E a primeira delas é…

1. Faça da sua trama um reflexo da sociedade atual

A literatura funciona como um espelho que reflete as complexidades, desafios e mudanças em nossa sociedade.

Através da ficção, nós, autores, temos o poder de capturar o espírito da época, oferecendo uma visão profunda das questões que nos afetam diariamente.

Isso não apenas proporciona entretenimento, mas também fomenta a empatia, o entendimento e, em muitos casos, a ação.

Histórias do tipo oferecem uma plataforma para explorar e debater tópicos vitais, fazendo com que o leitor se veja, e ao mundo ao seu redor, de maneira mais crítica e reflexiva.

A ficção moderna frequentemente incorpora protestos e movimentos sociais, refletindo o crescente ativismo global.

Livros que destacam movimentos de minorias trazem para o primeiro plano suas lutas e vitórias.

Um bom exemplo é “O Ódio Que Você Semeia”, de Angie Thomas, que aborda temas de racismo e brutalidade policial através dos olhos de uma adolescente.

O livro atingiu o primeiro lugar no ranking do New York Times e depois virou filme.

A literatura é uma maneira poderosa de documentar tais movimentos e também amplificar suas vozes e mensagens.

Você também pode contar histórias que abordam o espectro LGBTQ+ e a desconstrução de estereótipos de gênero, pois isso enriquece o entendimento do leitor sobre a diversidade humana.

Tramas do tipo também servem como uma ferramenta de apoio e representatividade para pessoas que estão explorando ou vivendo essas experiências.

Outra abordagem é focar na desigualdade econômica e na luta de classes, oferecendo também uma visão crítica das disparidades sociais.

Explore como a pobreza, a riqueza e a condição social afetam as oportunidades e as relações humanas, abrindo um diálogo sobre justiça econômica e reforma social.

Ou pode, ainda, explorar o impacto da tecnologia e das mídias sociais, refletindo sobre como esses elementos remodelaram a comunicação, os relacionamentos e a percepção de si.

Aborde tanto os aspectos positivos quanto os negativos, como a conexão global e a disseminação de desinformação.

Tais histórias oferecem um campo para questionar e entender o papel crescente da tecnologia em nossas vidas.

E aqui não posso deixar de mencionar “O Círculo”, de Dave Eggers, eleito pelo algoritmo de Jodie Archer e Matthew L. Jockers como um livro altamente propenso a se tornar um best-seller.

Leia:  A Mistura Perfeita Entre Fatos Reais e Ficção

O motivo disso você vai entender em “O Segredo do Best-Seller: Tudo o que você precisa saber para escrever um livro campeão de vendas”, um livro que eu recomendo que você leia.

“O Círculo” aborda questões sobre privacidade, liberdade e os limites da influência das mídias sociais e da tecnologia na vida pessoal e na sociedade.

Por fim, continuando no espectro do reflexo da sociedade atual, você também pode contar histórias que incorporam temas de mudança climática e degradação ambiental.

A literatura tem sido uma voz poderosa na sensibilização sobre a crise ambiental, não apenas educando, mas também inspirando a ação.

Por meio de narrativas fictícias, podemos ilustrar de forma vívida e emocional as consequências da inação ambiental, incentivando os leitores a refletirem sobre seu papel na preservação do planeta.

A segunda dica é…

2. Utilize a influência cultural na narrativa

A cultura molda tanto a construção quanto a recepção de uma obra literária.

A ambientação cultural de uma história não é apenas um pano de fundo, mas um elemento ativo que enriquece a trama, confere profundidade aos personagens e oferece ao leitor uma janela para mundos e experiências diferentes dos seus.

Ao incluir questões culturais em sua trama, você permite que o leitor explore a diversidade humana, desafie estereótipos, enquanto promove uma compreensão mais ampla da complexidade das sociedades.

Ao imergir em diferentes culturas, a ficção se torna um veículo para a empatia e o entendimento intercultural.

Isso passa pela escolha do cenário histórico e geográfico de uma história, o que define não apenas o contexto, mas também o clima e o tom da narrativa.

Tomemos como “A Casa dos Espíritos”, de Isabel Allende, uma bela amostra de como a história e a geografia podem também ser personagens de uma trama, e no impacto que têm na construção dos personagens.

A ambientação realista fornece uma rica tapeçaria de detalhes que trazem autenticidade e credibilidade à história.

Você também pode incluir tradições e costumes locais, mesmo que fictícios.

Em “As Crônicas de Nárnia”, de C.S. Lewis, por exemplo, as tradições e costumes de Nárnia desempenham um papel importante na definição do mundo e na evolução da trama.

Elementos culturais ajudam a estabelecer regras e expectativas dentro do universo da história, enriquecendo a experiência do leitor.

Você também pode tornar tudo ainda mais crível através da linguagem e dos dialetos usados pelos personagens.

Eis uma ferramenta poderosa para criar uma atmosfera única e para retratar as nuances sociais e culturais dos personagens.

Por fim, isso também pode ser alcançado através da inclusão de festivais, rituais e celebrações culturais, o que acrescenta cor e vida à história, e da interação entre diferentes culturas, o que abre portas para explorar conflitos, mal-entendidos, aprendizados e descobertas mútuas.

A terceira dica para obter relevância social e cultural em suas tramas é…

3. Aborde Temas Universais em Contextos Diversificados

Nós já vimos a importância dos temas universais na construção de best-sellers no primeiro capítulo desta série.

Uma boa forma de usar esse poder é abordando tais temas em contextos diferentes.

Isso ajuda a destacar a universalidade da experiência humana, ao mesmo tempo em que se reconhece a riqueza e a diversidade de diferentes culturas e sociedades.

Você permite que leitores com históricos variados encontrem ressonância em temas comuns, como amor, morte, justiça, identidade e conflitos familiares, enquanto exploram como esses temas são percebidos e vivenciados de maneiras distintas ao redor do mundo.

Essa mistura de universalidade e diversidade enriquece a narrativa, tornando-a mais profunda e mais empática, permitindo aos leitores uma visão mais ampla do mundo e de suas complexidades.

Comecemos com o tema universal mais usado e mais vendido do mundo: o Amor.

O amor é um tema universal, mas suas expressões variam significativamente de uma cultura para outra.

Enquanto em algumas culturas o amor romântico é celebrado, em outras, o amor pode ser mais pragmático ou arranjado.

Estas diferenças oferecem uma janela para entender os valores e expectativas sociais em torno dos relacionamentos.

Outro tema universal de grande impacto é a morte e o luto.

A morte é um tema universal, mas as tradições e rituais associados ao luto variam enormemente.

Em algumas culturas, o luto é um processo introspectivo e privado, enquanto em outras, é um evento comunitário e público.

Leia:  A Saga de uma Autora Independente

Essas diferenças destacam as variadas maneiras como as sociedades entendem e lidam com a perda.

José Saramago, por exemplo, aborda a morte de forma única em “As Intermitências da Morte”, questionando o significado e as consequências de uma sociedade onde as pessoas de repente param de morrer.

Outro tema universal capaz de vender muitos livros é a luta pela justiça, uma constante humana.

No entanto, as formas que essa busca toma variam conforme o contexto social e cultural.

Em algumas sociedades, a luta por justiça pode estar centrada em questões de classe ou raça, enquanto em outras pode se concentrar em direitos humanos ou liberdade política.

Também não podemos deixar de fora a busca por identidade e propósito, a jornada humana para entender quem somos e qual é o nosso lugar no mundo, e os conflitos familiares e de gerações, cujas dinâmicas variam amplamente entre culturas.

A quarta dica que te dou é…

4. Faça críticas sociais através da ficção

A literatura também pode ser uma poderosa ferramenta de mudança e conscientização social.

A ficção é um canal poderoso para explorar e denunciar injustiças, desigualdades e falhas sociais.

Através de personagens complexos e enredos bem construídos, podemos iluminar aspectos da realidade que muitas vezes são ignorados ou minimizados na vida cotidiana.

Esta abordagem não apenas entretém, mas também educa e inspira os leitores a refletirem e, possivelmente, a agirem sobre as questões apresentadas.

Tomemos como exemplo o tema da corrupção e do abuso de poder, mostrando como esses fenômenos afetam indivíduos e sociedades.

Em “A Revolução dos Bichos”, George Orwell usa uma fábula para expor a corrupção e o abuso de poder em um regime político.

Você também pode fazer análises sobre a pobreza e a exclusão social, como fez Victor Hugo ao retratar a vida dos desfavorecidos na França do século XIX em “Os Miseráveis”.

Outra sugestão é contar histórias que abordam saúde mental e bem-estar.

A ficção pode desempenhar um papel crucial na desestigmatização e na promoção de um diálogo mais aberto sobre esses temas.

Um bom exemplo é “As Vantagens de Ser Invisível”, de Stephen Chbosky, que explora o Transtorno de Estresse Pós-Traumático de uma maneira acessível e empática, tornando-se um emblema na luta contra a depressão e o suicídio.

A quinta dica para tornar suas histórias relevantes sob a ótica cultural e social é…

5. Utilize a evolução cultural para enriquecer suas histórias

A ficção, ao incorporar elementos de transformação cultural, torna-se um registro vivo das adaptações, conflitos e desenvolvimentos que caracterizam diferentes eras.

Ao abordar temas como gênero, tecnologia, valores familiares, religião e globalização, as histórias oferecem percepções profundas sobre como essas mudanças influenciam o comportamento humano, as relações sociais e a identidade.

Este tipo de narrativa permite aos leitores uma conexão mais profunda com o mundo em constante mudança, ao mesmo tempo que oferece uma lente para examinar o passado e prever futuras tendências.

Desta forma, reflita sobre como os relacionamentos têm evoluído em diferentes culturas e épocas.

Use essas mudanças para desenvolver personagens e relações que desafiem estereótipos e reflitam a complexidade atual.

Considere o impacto da tecnologia na sociedade e como isso afeta a comunicação, as relações e a consciência humana, como já foi dito.

Observe como os valores familiares e sociais têm mudado ao longo do tempo e em diferentes culturas.

Utilize essas transformações para criar conflitos e dinâmicas interessantes dentro de famílias ou comunidades.

E examine também como a religião e a espiritualidade influenciam as culturas e mudam ao longo do tempo.

Use essas observações para adicionar profundidade e conflito às suas histórias.

Por fim, pense sobre como a globalização tem integrado mais o mundo, criando interconexões culturais complexas.

Um belíssimo exemplo disso é o livro vencedor do Booker Prize de 1997,  “O Deus das Pequenas Coisas”, de Arundhati Roy, um retrato de como a globalização é capaz de afetar as relações e tradições locais.

Ao escrever histórias que não apenas entretêm, mas que também refletem sociedades e culturas, você aumenta suas chances de alcançar (e escalar!) o ranking dos livros mais vendidos.

No próximo capítulo, vamos abordar o último ingrediente dos Best-Sellers: o Marketing Eficaz.

Adoraria ouvir você e sua experiência sobre obras que você considera relevante nos aspectos sociais e culturais.

Compartilhe suas opiniões nos comentários abaixo.

Sua participação enriquece a conversa e ajuda novos escritores.

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