Como Escrever um Romance com ChatGPT: Meu Processo em 7 Etapas

Isabel Lagos entrou apressada no imponente estúdio, os passos rápidos ecoando pelo piso de madeira polida. Fotos multicoloridas do mundo da moda, ladeadas por retratos de celebridades, formavam um meticuloso mosaico sobre as paredes brancas, cada uma carregando sua própria história. O cheiro de papel fotográfico impregnava o ambiente, formado por luzes e sombras. Equipamentos, refletores, defletores, câmeras, meticulosamente organizados, podiam ser vistos em cada canto do estúdio principal, apontados para uma parede com um fundo verde infinito onde a próxima sessão de fotos aconteceria. Ela passou pela porta de vidro e recebeu um tímido “oi” de Clara, aquele tipo de assistente que parece sempre pronta. Ela mal conseguiu ouvir a pergunta, antes de Isabel desaparecer no camarim.

“Sim, está se preparando,” gritou Clara, apertando uma prancheta que carregava para cima e para baixo contra os peitos.

Isabel entrou determinada no camarim, onde a supermodelo Gorete Alba já a aguardava com seus longos cabelos vermelhos nas mãos do habilidoso Jordí. Gorete sorriu ao ver Isabel no espelho, os olhos verdes exultantes.

“Isabel! Que bom te ver!”, disse Gorete, levantando-se para cumprimentar a fotógrafa, deixando o cabeleireiro com a escova no ar.

“Você, como sempre, deslumbrante,” Isabel respondeu, abraçando-a brevemente. “Vamos criar algo incrível hoje.”

E começou a discutir as ideias para o ensaio, desenhando com as mãos no ar enquanto falava, como se moldasse a própria luz. As instruções seguiram para o estúdio, onde todos já estavam preparados.

“Precisamos de luzes suaves, mas com sombras que realcem a estrutura óssea de Gorete. Algo que diga poder, mas também com um toque de mistério.”

Os olhos da supermodelo seguiam cada gesto e passo de Isabel. A equipe se movimentava ao redor delas, ajustando os equipamentos, conforme Isabel instruía. Ela mesma se posicionou para ajustar manualmente um dos refletores, a atenção ligada nos mínimos detalhes, um requisito para fotógrafos, especialmente quando o assunto era alta costura.

“Vamos começar com a luz lateral,” Isabel disse, posicionando-se atrás da câmera. “Clara, ajuste a intensidade da incidente, por favor.”

Clara ajustou rapidamente o fotômetro, deu ok e Isabel disparou a primeira sequência de fotos. Gorete, posava com a graça natural de uma águia em pleno voo, cada movimento uma dança cuidadosamente coreografada. Aos 28 anos, sua estrada profissional já era de uma veterana, por começar ainda na puberdade. Entre um clique e outro, a supermodelo não conseguiu conter a curiosidade e disparou: “Como está lidando com tudo isso?”

Isabel hesitou, sem tirar os olhos da câmera. Demorou para responder.

“É complicado…” Disparou mais alguns cliques, tirou os olhos do visor e completou, depois de mais uma longa pausa: “Ver Arnau na cama com Mireia foi… devastador.”

Gorete assentiu, tentando demonstrar empatia pela fotógrafa. “A devastação faz parte do nosso mundo.”

Isabel continuou a fotografar, guiando a ruiva em várias poses, tentando se concentrar no trabalho e não na dor que sentia. Entre uma sessão e outra, ela revisava as fotos, discutindo com Clara sobre os ajustes necessários.

“Essas estão ótimas,” disse Clara, apontando para uma série de fotos em particular. “Mas acho que dá para intensificar um pouco mais as sombras aqui.”

Isabel concordou, iniciando uma nova sequência. Gorete achou melhor não ir mais fundo na conversa sobre a separação, que já gerava comentários controversos e apaixonados na mídia e nas redes sociais. Não era por menos: o imbróglio envolvia o dono da revista de moda mais respeitada da Espanha, a fotógrafa preferida da Rainha e do mercado publicitário catalão e uma das supermodelos mais badaladas do mundo no momento. Preferiu elogiar a dedicação de Isabel na condução da sessão fotográfica.

“Obrigada,” Isabel respondeu, visivelmente tocada. “É bom ouvir isso.”

A sessão fotográfica continuou até o final da tarde, com toda a equipe trabalhando incansavelmente. Cada clique era um passo mais próximo da foto que Isabel vislumbrava para a capa do mês de junho da Vanguardia. Ao se despedir de Gorete, Isabel prometeu enviar as fotos editadas em breve, antes de mandar para a revista comandada por ninguém mais do que Arnau, seu agora ex-marido.

“Confio em você,” a modelo respondeu com um sorriso e um abraço apertado em Isabel antes de sair.

Exausta, a fotógrafa correu para o escritório, um jirau funcional e organizado sobre o estúdio principal. Quem subia por aquela escada se deparava com um ambiente iluminado por uma grande janela que, quando aberta, permitia a entrada de luz natural no estúdio. As paredes haviam sido decoradas com uma seleção de fotografias premiadas de Isabel. Gorete estampava três delas. Havia cinco molduras sem fotos, justamente as que até um mês antes traziam a beleza insuperável de Mireia. A mobília incluía uma mesa de madeira maciça no centro, onde pairavam câmeras, lentes e outros equipamentos fotográficos, todos dispostos de maneira ordenada. Prateleiras bem distribuídas, carregavam livros de fotografia, arte e design, além de revistas de moda do mundo inteiro. Um enorme quadro branco na parede oposta ao janelão exibia o cronograma de fotos da semana. Uma orquídea, talvez presente de um fã, enfeitava sua mesa, ao lado de uma luminária e dois porta-retratos, um com uma foto dela ao lado da Rainha Letizia e outra com sua mãe.  Isabel se jogou no sofá, tentando relaxar após a desgastante sessão de fotos. Pegou o celular, disposta a desconectar-se da realidade por alguns momentos, mas uma mensagem inesperada capturou sua atenção. Era de Arnau.

A mensagem era curta, direta, pedindo para se encontrarem. Isabel franziu a testa, o coração subiu à boca. Lembrou-se da última noite em que ainda eram um casal, uma intimidade distante, mas ainda presente.

“Depois de tudo isso?”, murmurou para si mesma, enquanto observava o sol se pôr.

A cena da traição ainda estava fresca em sua mente, Arnau em pé, completamente nu, as mãos nas ancas de Mireia de quatro em sua própria cama. Aquela ferida não cicatrizaria tão facilmente. Clara interrompeu seus pensamentos, esbaforida com a escada até o jirau, trazendo uma ideia para a foto da sessão do dia seguinte. Isabel, desconcertada e sem prestar muita atenção, concordou. Nos últimos dias, decidira manter o foco apenas no trabalho, mas as lembranças de Arnau e de Arnau com Mireia invadiam sua mente com mais frequência do que ela desejava.

Com a noite já avançando sobre os telhados de Barcelona, se viu sozinha em seu apartamento. Pegou o celular novamente e releu a mensagem do ex. “O que ele poderia querer?”, ponderou, sem saber se deveria responder, pesando curiosidade e cautela.

Estirada no sofá, Isabel olhou para o teto. Lembrou das mãos pesadas dele em suas coxas, a boca enfiada em seus peitos. A traição havia sido um golpe duro, mas ela ainda podia sentir a pegada de Arnau em cada parte de seu corpo. Seu coração estava ali, sofrendo, mas seu corpo ainda estava preso em um passado de êxtase. Sua mente pulava da saudade para a raiva e, logo em seguida, para uma esperança silenciosa de que, talvez, uma explicação pudesse aliviar a dor e trazer os bons tempos de volta.

“Você é uma iludida”, xingou-se em voz alta.

Ela sabia que precisava de mais clareza sobre o ocorrido, mas também temia o que Arnau teria a dizer. Com um suspiro profundo, colocou o celular de lado, decidindo que dormiria sobre o assunto. Amanhã seria um novo dia, e talvez, com uma mente mais descansada, ela pudesse tomar uma decisão mais acertada. Não durou muito tempo.

“Ábac, 20h, na sexta. Cuide das reservas”, digitou rapidamente.

Enquanto o cansaço a envolvia, Isabel fechou os olhos, prometendo a si mesma que não importava o que ele dissesse, ela não cederia. Despertou na madrugada, ainda no sofá com a roupa de ontem, com um “plim” e um lacônico “OK”.