Reescrevendo a Sabedoria

Você sabe o que o Rei Salomão tem a ver com o Deus egípcio Toth ou com a Deusa hindu Sarasvati? Ou com Atena ou Minerva?

É o que você vai descobrir no “Reconstruindo Palavras” da vez.

Você vai “sentir o gosto” da palavra…

“SABEDORIA”.

Além de reconstruir a palavra, eu também vou te revelar as sete virtudes e os sete vícios da Sabedoria.

Sabedoria é um substantivo que caracteriza uma pessoa sábia, com um conhecimento extenso e profundo de várias coisas ou de um assunto em particular.

A verdade é que o termo encontra definições distintas de acordo com a ótica empírica, filosófica, religiosa ou psicológica.

A palavra tem origem no latim “SAPERE”, que significa saber ou “sentir o gosto”.

SAPERE teria origem no grego SOPHIA, sabedoria, ou SOPHOS, que quer dizer sábio.

Em hebraico, Sabedoria é CHOCHMAH e está associada ao poder intuitivo, aquela luz que brota na Consciência, também conhecida como “Momento Eureca!”

Para os sábios judeus, a Sabedoria seria uma faísca do pensamento bruto, sem fronteiras, que se contrai no Entendimento, onde é processada, racionalizada e compreendida, até ser transformada em Conhecimento, o saber qualificado, penetrado e armazenado para referências futuras.

Na Árvore da Vida, Sabedoria, Entendimento e Conhecimento formam a trindade MENTAL do homem.

Muitas vezes são tratados nos textos herméticos como o Pai, a Mãe e o Filho.

No sânscrito, Sabedoria é VYDIA, que também pode significar “conhecimento, verdade, ciência”.

Mas há outro termo, PRAJNA, a Sabedoria que põe fim às aflições e traz a iluminação.

É o conhecimento mais elevado da realidade, que nasce da intuição, da precisão cognitiva.

Isto é algo que não está baseado nos sentidos nem na lógica.

Diferente de JNANA, o conhecimento obtido através dos órgãos da percepção e do intelecto, PRAJNA, a sabedoria das coisas superiores, só pode ser alcançada através da meditação no Princípio Universal.

Quando pensamos em um sábio, logo nos lembramos do Rei Salomão, conhecido por sua grande sabedoria.

Salomão não pedia bens ou riquezas, ele pedia um coração entendido, pedia sabedoria e conhecimento.

Leia:  Simplificação e Outras Falácias

E o texto bíblico diz que Deus deu a ele um coração sábio.

Isto significa que ele colocava a intuição e a razão acima das emoções e dos instintos.

Ele compreendia os mistérios da mente humana como ninguém.

Uma compreensão que os egípcios já conheciam através de Toth, o Deus da Sabedoria e também da Escrita.

Para os egípcios, Toth criou os hieróglifos, a matemática, a arquitetura, a medicina e todas as ciências.

Na Índia, a Sabedoria está associada à SARASVATI (सरस्वती), protetora dos escritores, dos artistas em geral e daqueles que buscam o Conhecimento, como alunos e professores.

Para os gregos, a Deusa da Sabedoria é ATENA.

Sua equivalente entre os romanos é MINERVA.

A sabedoria humana começa a partir de questionamentos, das dúvidas.

A criança se desenvolve a partir de perguntas.

Mas o homem chega a uma etapa da vida que ele para de questionar e aceita o que lhe é imposto como um cordeirinho.

Se não há perguntas, apenas respostas, não há saber.

Por isto se diz que a diferença entre a sabedoria e a ignorância é que a primeira é repleta de dúvidas e a segunda de certezas.

Como o homem é um ser que prefere acreditar do que saber, a ignorância reina no mundo.

Quando o assunto é Sabedoria, nos deparamos com a ignorância decorrente do mau uso dela.

Eles decorrem dos sete vícios do saber.

E quais são esses vícios?

A Malícia, ou seja, usar a Sabedoria para satisfazer o próprio ego.

A Heresia, a Sabedoria sem uma fonte, sem mestres.

As fontes da Sabedoria Divina estão na Cabalá, no Vedanta, nos caminhos místicos, como o Sufismo e a Gnose Cristã. Estão também na Ciência e na Filosofia, se você abrir bem os olhos.

O Imediatismo, ou seja, exigir a comprovação empírica de tudo seja através dos órgãos dos sentidos ou do intelecto.

A Difamação, que denigre outros caminhos ou outros pensamentos.

A Arrogância, ou seja, a autossuficiência.

A pessoa faz as perguntas e ela mesma dá as respostas. A arrogância é repleta de certezas, não dá margens para a dúvida, para os questionamentos.

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A Ganancia, a insaciedade pelo próprio saber.

A pessoa fica tão desesperada pelo conhecimento que não vive, esquecendo-se que toda experiência faz parte do caminho da Sabedoria.

A Escuridão, ou seja, quando não há distinção entre o Verdadeiro e o Falso.

O fanatismo ou a ortodoxia são tamanhos que a mente é turva, se sufoca com as próprias certezas.

E muitas vezes aplica o rigor ético para com o outro e flexibiliza em relação a si mesmo.

A Iluminação nasce de uma Consciência com mais Luz, com mais Espaço, Leve, Arejada, Acolhedora.

Ela advém da Sabedoria Superior e, para alcançá-la, a mente precisa ser alimentada com sete virtudes.

Com Humildade, o pensamento que se auto examina diante das experiências.

A Humildade é a parte mais bela da Sabedoria.

Se uma pessoa se acha mais sábia do que qualquer outra, mais elevada espiritualmente do que qualquer outra, ela ainda vive na ignorância.

Com Verdade, o pensamento transparente, especialmente em relação a você mesmo.

A Verdade nem sempre é agradável e o que é agradável nem sempre é verdadeiro.

Com Refinamento, o pensamento focado no aprimoramento interno.

Isto representa uma identificação maior com o próximo, um reconhecimento de si no outro.

Com Perseverança, o pensamento resiliente, independente dos obstáculos.

Perseverar é superar os próprios limites, sejam eles físicos, emocionais ou intelectuais, na busca pela ampliação da sua Consciência.

Com Equilíbrio, o pensamento harmônico, que não pende para os lados.

É você sentir-se verdadeiramente único, equilibrado em sua imperfeição.

Com Disciplina, o pensamento ordenado, com coragem para questionar.

É a objetividade para superar sua própria natureza.

E com Compaixão, o pensamento acolhedor, tolerante com as respostas.

A Compaixão é a generosidade sem preconceitos.

Sem trabalhar bem estas sete virtudes, a Sabedoria Superior fica mais distante.

Quando escrevemos, seja um livro, seja um poema, seja um diário, entramos em contato com a Sabedoria, o “lugar” de onde brotam as ideias.

A Escrita é a maior invenção do homem porque ela contribui para que nos tornemos seres mais Sábios.

Leia mais, escreva mais!

***

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3 comentários em “Reescrevendo a Sabedoria”

  1. Oi Eldes. Como vai?
    Eu fico sempre deslumbrada com os seus artigos e este é, deveras, maravilhoso. A maneira como escreve e o conteúdo descrito, revelam bem a sua Sabedoria, Inteligência, Compreensão – entre outros – em relação aos assuntos abordados. De facto, se todo o ser humano fosse portador das sete virtudes que descreve, penso que teríamos um Mundo Melhor.
    No meu caso, se pudesse escolher entre dois grandes recipientes, um deles cheio de moedas de ouro e o outro cheio de sabedoria, eu não hesitava um segundo: a Sabedoria. Existe a outra virtude, muito importante, pela qual me tenho conduzido na vida: a Humildade.
    Sei que voltarei a ler este artigo pois ensina-me muito.
    Da minha parte, um grande agradecimento por compartilhar o seu saber, sem pedir nada em troca.
    Desejo-lhe um bom final de semana.

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