Neste mundo de quase 8 bilhões de pessoas, não há uma única pessoa sequer que seja exatamente igual a outra.
Cada pessoa tem uma história particular, mesmo tendo nascido e crescido em uma mesma família e educada nas mesmas escolas.
Cada pessoa tem experiências únicas, que ajudam a modelar quem são, suas crenças, seus modos de agir.
Então, porque nos apegamos tanto aos estereótipos?
Se somos diferentes, por que generalizamos?
Porque isso permite que reconheçamos as semelhanças ao adquirir um conhecimento em uma circunstância.
E sejamos capazes de transferir esse conhecimento para uma nova situação.
No fundo, generalizar e categorizar é uma parte do nosso instinto de sobrevivência.
Desde criança, somos condicionados a atribuir pesos positivos e negativos a pessoas, grupos e objetos.
Se estou perdido em uma floresta, encontro uma árvore com uma fruta vermelha e arredondada, provo, gosto do sabor e me sacia, se encontrar outra árvore, dias depois, com o mesmo fruto, vou comer sem pestanejar.
Agora, se na experiência, a fruta me enjoa e faz mal, não só vou evitá-la sempre que a encontrar, mas também evitarei toda fruta com as mesmas características.
Elizabeth Gilbert, a autora de “Comer, Rezar, Amar” conta em um outro livro, “Big Magic”, que quando começou sua carreira, sofria de um medo que a paralisava, e que foi uma pessoa assustada a vida toda.
Ela conta que o medo que sentia era como uma música com uma única palavra, que dizia PARE o tempo todo.
Sua mãe a encorajava a fazer coisas fora da zona de conforto, mas ela defendia seus medos com unhas e dentes.
E quanto mais ele insistia em suas crenças, mais medo sentia.
Até que ela percebeu que não valia a pena, que quanto mais argumentava a favor de suas limitações, mais ela as mantinha.
E o que ela fez?
Decidiu abraçar a incerteza da criatividade.
Ela parou de construir a sua identidade em torno do medo e mudou a crença sobre si mesma, afirmando:
“Eu sou uma Escritora!”
Mas que medo era esse que a impedia de reconhecer o que ela realmente era?
Um medo construído a partir das generalizações.
A nossa cultura recompensa e valida um tipo muito específico de habilidade acadêmica.
São raros os estudantes que se sentem confortáveis em buscar uma carreira artística, por causa da pressão da sociedade pelo sucesso e por isso representar menores possibilidades de salários e de ganhos financeiros.
Eu me lembro muito bem da época do ensino médio, quando você é obrigado a escolher um caminho profissional – e a pergunta mais chata que você pode fazer a um jovem nessa fase é “e aí, já sabe o que você vai fazer?” – A escrita, uma das minhas habilidades, não foi nem cogitada.
Fui fazer Publicidade e Propaganda, pois era a maneira de conciliar a arte com a promessa de ter dinheiro no banco.
Acabei tendo que mudar o rumo da carreira com 45 anos, quando poderia ter começado muito tempo antes.
Imagine quatro adolescentes respondendo a uma “entrevista” em família sobre vocação:
Um quer ser médico, o outro advogado, o outro engenheiro e o outro escritor.
Qual você acha que será mais desencorajado?
E o que acontece é que muitos embarcam em carreiras completamente opostas a seus tipos de inteligência e se tornam pessoas frustradas, envergonhadas ou incapazes.
Agora imagine se este adolescente que gostaria de se tornar escritor fosse incentivado a construir sua confiança, a praticar, a escrever, a se aprimorar desde o início.
Imagine se ele fosse ensinado a enxergar as oportunidades na carreira literária, as possibilidades de gerar ganhos capazes de dar a ele as liberdades de tempo, financeira e de propósito, que é o que todo mundo busca.
Como seria a visão de futuro dele?
O fato é que nossa cultura generaliza a visão de futuro de tudo, e a carreira profissional não escapa disso.
Veja bem: generalizações têm aspectos positivos e negativos.
Mas nosso instinto de sobrevivência faz com que nos prendamos aos negativos.
E disto surgem dezenas de crenças limitantes.
Na vida de um escritor são várias…
- Ninguém quer ler o que eu escrevo.
- Que editora vai querer publicar meu livro?
- Eu sou uma pessoa feliz, escritores são tristes.
- Eu acordo cedo, escritores de verdade escrevem de madrugada.
- Eu não escrevo bem.
- Eu não tenho disciplina para começar e terminar um livro.
- Eu preciso pagar as contas, com a escrita é que não vai ser.
- Eu quero ganhar dinheiro, escritores são fracassados.
- Todo escritor é meio louco.
- Eu não tenho habilidade para promover meus livros.
Tenho certeza que você já concordou com a cabeça pelo menos uma vez…
Os pensamentos limitantes dos escritores partem de quadro fatores:
- Alta Expectativa. A idealização fantasiosa, baseada no estereótipo e na generalização.
- Perfeccionismo, o eterno não para si mesmo.
- Baixa autoestima, de não se sentir bom o suficiente, capaz o suficiente.
- Medo, que leva à falta de atitude. No entanto, a insistência no medo não vai mudar as perspectivas.
Já perdi a conta dos filmes e livros que falam do escritor que não escreve.
Muitos deles porque o escritor quer competir com um escritor do passado.
Não há nada mais limitador do que a comparação.
Tentar imitar ou superar o estilo de alguém, por exemplo.
Deixem Dostoiévski reinar em paz.
Sou professor em uma oficina criativa e um dos pontos que trabalho para ajudar autores a construírem bons personagens baseia-se em suas crenças limitantes, que eu chamo de “crenças imperfeitas”.
A verdade é que essas imperfeições mentais são solidificadas desde os primórdios da vida de uma pessoa.
Elas vão se tornando mais enraizadas através das influências sociais, familiares, culturais.
Outras se tornam muito profundas por causa de um trauma, por exemplo.
E não apenas formam a visão da história de cada um dos oito bilhões de pessoas neste planeta, como impactam significativamente em suas vidas.
Uma pessoa, criada em uma família tradicional católica, desenvolverá um sistema de crenças baseadas na disciplina.
Outra, criada em uma comunidade hippie, será influenciada por ideais de liberdade.
Depois que uma crença imperfeita entranha em nossa mente, é mais provável que passemos o resto da vida defendendo-a.
Basta acompanhar uma discussão sobre política, futebol ou religião no Facebook para saber do que estou falando.
O fato é que muitas pessoas se sentem agredidas, quase que fisicamente, quando confrontadas com ideias opostas as que foram criadas.
Se eu digo que um escritor pode ganhar muito dinheiro, tem escritor que quer me bater.
Volta e meia me deparo com um comentário do tipo, vindo de escritores.
Um deles postou um comentário em um anúncio meu, pedindo para ninguém clicar, porque era pago.
É óbvio que é pago! Tem que ser!
É óbvio que você precisa ser remunerado pelo seu trabalho como um engenheiro, um médico, um advogado.
É óbvio que você precisa quebrar a crença de que escritor só escreve, não se mete com marketing.
Engenheiros não constroem apenas, eles divulgam suas empresas.
Cobram caro pela construção de uma casa.
Um médico não cura apenas, precisa divulgar seu consultório.
Cobram uma fortuna para salvar vidas.
Um advogado não conhece as leis apenas, precisa se fazer conhecido para ser contratado.
E cobra caro para defender uma causa.
Qual é a opção de um médico, de um engenheiro, de um advogado quando não querem fazer propaganda de seus negócios?
Eles contratam uma agência, um profissional de marketing.
O que o escritor faz? Fica esperando uma editora.
Então, coloca uma coisa definitivamente na sua cabeça:
Um escritor não apenas escreve, ele precisa construir seu nome, precisa vender seus livros e precisa cobrar por isso.
Um escritor pode viver muito bem nesta vida enquanto deixa um legado para gerações futuras.
Um escritor pode ser sóbrio e bem-sucedido e não apenas um bebum fracassado.
Todas as emoções nos movem e não apenas a dor.
Podemos escrever todos os dias, como a rotina de qualquer profissão, e não apenas quando a inspiração resolver aparecer.
Podemos e devemos escrever e sermos bem-remunerados por isso.
Além de nossas próprias crenças limitantes, temos aquelas que são geradas pelos nossos leitores.
Basta uma crítica negativa para o mundo desabar.
Então, anote mais uma dica:
Relaxe!
Queira você ou não, o livro é um produto e, como tal, está sujeito às avalições positivas e negativas.
Pegue um livro no topo do ranking do New York Times.
Ele terá milhares de avaliações positivas, de quatro, cinco estrelas.
Mas também terá avaliações negativas, de uma estrela.
Porque não podemos agradar a todos.
Não quero defender livros ruins, muito pelo contrário.
Por isso, para evitar um maior número de críticas negativas é necessário cuidar do livro, do produto, desde a sua concepção.
E lembre-se que hoje, da mesma maneira que você publica um livro com facilidade, você também despublica.
O segredo está em acolher as críticas construtivas como conselhos e em simplesmente ignorar as críticas destrutivas, porque espírito de porco têm em qualquer profissão.
O fato é que nosso cérebro tem uma estranha mania de se prender às coisas negativas.
As crenças limitantes são crenças negativas.
As críticas negativas geram outras crenças limitantes negativas.
Crenças e críticas têm a textura de um chiclete.
Seu sistema límbico, responsável pelas emoções, vão mascá-las gerando sentimentos que podem ir da irritação à depressão.
E como você se liberta disso de uma vez por todas?
Se eu disser para você que é algo fácil, será mentira.
Porque cada pessoa lida de uma maneira com essas informações.
Por mais que eu fique aqui horas falando que você precisa quebrar os padrões de conforto que sua mente criou, ela vai tentar encontrar justificativas para continuar na mesma frequência.
Por mais que eu te diga para ignorar as críticas destrutivas, elas vão se aglutinar como um vírus e gerar uma nova ou reforçar uma antiga crença negativa.
Por isso, procure superar esses padrões.
Se você deseja ser bem-sucedido ou bem-sucedida na escrita, não há mais margem para crenças limitantes em relação a dinheiro, a sucesso, ao que um escritor pode ou não pode ser, fazer ou ter.
Eu sei que, para alguns, é desconfortável pensar sobre isso.
Mas o primeiro passo para superar um problema é estar ciente dele.