Esta semana entrevistei Ambra Blanchett, autora independente portuguesa. Ela se descreve como uma mulher que já viveu meio século e que prefere a descrição e o anonimato, por isto usa um pseudônimo. Ambra vive em Portugal, é licenciada em psicologia clínica e escreveu nove romances, todos disponíveis na Amazon. Confira:
Eldes Saullo: Por que você escreve? Qual foi ou quais foram as motivações para escrever e, especificamente para escrever romances?
Ambra Blanchett: Sempre fui uma leitora ávida desde que aprendi a ler e há uns anos pensei em escrever. Tinha tanta história na cabeça que inspiração não me faltava. Faltavam-me as técnicas e em 2013 fiz o primeiro curso de escrita criativa. Depois disso, não parei de estudar e tentar aperfeiçoar a minha escrita. Sou mãe de uma filha adulta e de um filho adolescente, esposa, e uma pessoa muito atenta ao mundo e às questões sociais. Aprecio muito a vida, a família e as coisas boas que ambas nos podem dar. Ralei muito para chegar até aqui com bastante sucesso profissional como psicoterapeuta, e agora começo a ter o retorno da escrita, apesar de escrever há pouco tempo. Divido o meu tempo entre o consultório, a escrita e a família. Adoro viajar pelo mundo de mochila às costas e levo sempre comigo um caderninho onde aponto tudo para depois usar nos meus livros. Alguns se passam em cenários do mundo onde já estive.
Escrevo porque é a forma de viver outras vidas. Pode parecer estranho para algumas pessoas, mas o escritor viaja com as suas personagens, vive, dorme e come com elas. Sempre fui muito curiosa em relação ao ser humano, daí ter escolhido a psicologia, mas o meu fascínio literário foi desde muito cedo por histórias de vida, o género que mais se adapta ao romance. Comecei por ler os clássicos da literatura mundial e hoje em dia leio dois a três livros por mês de autores contemporâneos – também escrevo -, escrevo muito, todos os dias uma hora ou mais e leio o equivalente em tempo.
Eldes Saullo: Quais são as maiores dificuldades de um escritor em sua opinião?
Ambra Blanchett: Penso que a maior dificuldade de um escritor é lidar com a frustração. Se me perguntarem se escrever é difícil, respondo que não é fácil, mas é um treino diário que com o tempo flui de uma forma natural. Mas lidar com a frustração de não conseguir publicar um livro é de fato penoso. As editoras não respondem – pelo menos em Portugal é assim -, ou se respondem querem que o autor pague a edição do livros e que os venda sozinho. Eu desisti e optei pela autopublicação.
Eldes Saullo: Como você escreve? Você planeja a história antes ou escreve de forma intuitiva? Fale um pouco sobre seu processo criativo.
Ambra Blanchett: Eu sou daquelas que quando me surge uma ideia para um livro, anota em um caderninho que me acompanha para todo o lado. Depois planejo tudo, capítulo a capítulo. Primeiro construo a trama e as personagens (características físicas e psicológicas) e, em seguida, as cenas dos capítulos. Claro que os capítulos vão sendo alterados ao longo da escrita, os personagens tomam vida e por vezes tenho que os seguir e o caminho traçado sofre alterações. Por vezes em alguns capítulos escrevo de forma intuitiva, mas é um processo arriscado, podem ficar buracos na trama e cenas sem sentido. Gosto de planejar, sinto-me mais segura assim. Depois de terminada a escrita do livro, deixo-o repousar umas semanas – enquanto planejo outro – e a seguir começo a rever e editar. Depois desse processo que me consome umas duas a três semanas, dou o manuscrito para as minhas duas leitoras Beta que fazem a correção dos erros e sugerem alterações. Só depois lanço o livro na Amazon.
Eldes Saullo: Como você promove seus livros?
Ambra Blanchett: Inicialmente foi difícil ganhar visibilidade, mas inscrevi-me no Wattpad e comecei a publicar o livro sem revisão lá. Depois aprendi a usar as redes sociais e construi uma plataforma de autor com o meu blog, onde publicito os meus livros e partilho a minha experiência de autora independente com outros autores. Uso o Facebook, o Twitter, e o Pinterest e conto com a publicidade que a própria Amazon faz aos livros dos autores.
Para encerrar, ela deixa uma dica para os escritores iniciantes:
“Se realmente quer escrever, persista, não desanime e escreva todos os dias. Aprimore a sua escrita e espere pelo retorno, ele sempre chega. A melhor forma de obter retorno e angariar leitores é escrever outro livro. Boa sorte para todos.”
Para saber mais e acompanhar o trabalho de Ambra Blanchett, acesse:
http://www.ambrablanchett.blogspot.pt/
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0 comentário em “Escrever é a Forma de Viver Outras Vidas”
Cara muito bom mesmo, gostei muito, obrigado pelo texto de qualidade.
Obrigado pela oportunidade e muito sucesso para você.
Muitos parabéns e todo o sucesso, Ambra.
Excelente entrevista, Eldes!
Acabo de conhecer a Ambra.
Na categoria Antologias, um dos livros dela, “Jardins de Luar”, é o mais baixado gratuitamente, enquanto o meu “Microcontos Volume 2” fica na segunda posição.
Espero conseguir chegar a ter uma plataforma como a dela, onde ela consegue divulgar seu trabalho e onde já há muitos seguidores.
E, claro, como a sua plataforma também, Eldes, com dezenas de publicações, milhares de visitantes e compradores.
Obrigado por compartilhar a história da Ambra.
Gostei muito de conhecê-la.
Um abraço,
Lucas Palhão