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O Futuro dos Livros: Inteligência Artificial na Escrita.

A discussão do momento é sobre Inteligência Artificial e seu impacto na vida de artistas e escritores.

As ferramentas de geração de imagens já estão sendo questionadas por ilustradores e fotógrafos, receosos com a possibilidade de verem seu ganha pão diminuir e também por conta das questões de plágio e uso indevido de imagens da Internet para gerar novas fotos e desenhos.

E como nós, escritores, ficamos nesse barco?

Você já sentiu na pele que escrever livros pode ser um processo longo, consumidor de sinapses e solitário.

Nesse artigo eu quero abordar justamente como AI pode nos ajudar, neste sentido, tornando-se parceira do escritor.

Vou me referir a AI no feminino, não apenas porque a palavra Inteligência requer o artigo A, mas também por que gosto de relacionar a tecnologia ao sagrado feminino, ou seja, como fonte de criatividade e imaginação, permitindo a criação de coisas novas e o crescimento.

Cada tipo de escrita requer um tipo de auxílio diferente, mas antes de entrar nos detalhes dos gêneros, comecemos com uma visão mais abrangente.

Com as tecnologias ficando cada vez mais parrudas e os processadores atuando em níveis quânticos, a Inteligência Artificial pode representar o copo cheio ou o copo vazio na vida de quem escreve.

escritor pessimista vai achar que é o fim, que os livros serão escritos sozinhos e ninguém mais vai querer ler suas divagações sobre o sentido da vida.

O escritor otimista vai querer se lambuzar da tecnologia, o que pode levar a caminhos perigosos do plágio e da falta de sal.

Já o escritor realista vai olhar com equilíbrio para as oportunidades e elas não são poucas.

Talvez o maior benefício do uso de AI na escrita esteja na economia de tempo.

Ela pode te ajudar a gerar esboços, pesquisar informações e sugerir ideias para escrever, títulos, subtítulos, sinopses, conteúdo e muito mais.

A meu ver, o maior benefício está na automatização de tarefas repetitivas, o que libera mais tempo para nosso processo criativo.

O segundo maior benefício está na ponta final da escrita, no auxílio à revisão ortográfica e gramatical, sugestões de melhorias estilísticas e até mesmo na tradução para outros idiomas.

Vamos ver, então, como ela pode ser útil na vida de quem tem veias mais poéticas ou mais analíticas….

Inteligência Artificial na Ficção e na Poesia

Eu pedi para uma das ferramentas de IA sugerir a premissa de uma história no gênero de Hard Science e ela me veio com isso:

“Em um futuro próximo, a humanidade descobre uma forma de transferir consciência humana para corpos sintéticos, o que lhes permite viver para sempre. No entanto, uma fração da população opta por ficar com seus corpos biológicos, e rapidamente se encontra em desvantagem em relação aos “imortais”. Agora, uma pequena equipe de cientistas biológicos deve unir forças com os poucos humanos “não-transferidos” para encontrar uma solução para a discriminação e desigualdade crescentes antes que seja tarde demais e a humanidade seja dividida para sempre. Ao longo do caminho, eles enfrentam desafios éticos e tecnológicos, e precisam questionar o significado da vida e da morte e se a imortalidade realmente é o que parece ser.

Certamente já vimos essa história em algum lugar, quem assistiu a série “Altered Carbon” vai notar alguma semelhança.

No entanto, isso não é um grande problema, já que a premissa é apenas o primeiro parafuso de uma história.

Se você leu meu livro “Premissas Fabulosas – 60 Ideias de Tramas de Alto Impacto”, pode relacioná-la à premissa “O Escolhido”, na qual um grupo ou uma comunidade pede ao protagonista, geralmente um estranho no ninho, para salvá-los de inimigos, invasores, um monstro ou algum outro tipo de ameaça.

Leia:  3 Lições de Rubem Fonseca para Ser Bem-Avaliado pelos Leitores

O fato é que se você não se contentar com as primeiras respostas, AI pode te ajudar a encontrar algumas pepitas no meio do terrão desse garimpo sintético.

Sim, ela pode te ajudar a gerar ideias inovadoras e enredos complexos, que levariam muito mais tempo para serem imaginados sozinho.

Mas a coisa não para por aí.

A Inteligência Artificial metida a Jane Austen pode fornecer suporte à construção de personagens, sugerindo arcos de histórias e até mesmo plot twists.

Pode ajudar na construção de mundos, culturas e tecnologias complexas, na geração de diálogos realistas, na descrição de cenas e cenários mais imersivos.

Pedi para ela me sugerir a descrição de uma casa no bairro Saint-Germain-des-Prés em Paris.

A resposta exata foi a seguinte:

“A frente de uma casa no bairro Saint Germain Des Prés, em Paris, é provavelmente elegante e sofisticada, refletindo a história rica e o estilo artístico da área. É provável que a casa tenha sido construída em um estilo arquitetônico tradicional francês, com detalhes de pedra ou tijolo na fachada e molduras ornamentadas nas janelas e portas. A entrada principal pode ter uma porta de madeira escura ornada com ferro forjado e vidro colorido, e a fachada pode ser adornada com flores e plantas em vasos pendurados. O jardim na frente da casa pode ser pequeno, mas bem cuidado, com canteiros de flores e arbustos, e uma fonte ou escultura pode ser a atração central.”

O texto me deu ideias para a descrição em segundos, algo que eu poderia levar horas pesquisando no Google.

Eu, então, usaria para escrever algo assim, com meu toque pessoal:

“A casa era elegante, construída no estilo arquitetônico tradicional francês, com detalhes de pedra emoldurando janelas e portas. A principal, de madeira escura, ornada com ferro forjado e vidro colorido, compunha a fachada, e trazia petúnias coloridas e vasos pendurados ao redor. Na frente, um pequeno jardim com canteiros bem cuidados, misturava hortênsias e arbustos em torno de uma fonte de cimento queimado. Sentada em uma das bordas, a escultura de uma fada pensativa me deixou curioso.”

Pedi para a IA analisar o estilo do primeiro texto, escrito por ela mesma, e recebi a seguinte resposta:

O estilo do texto é descritivo e hipotético, objetivo e imparcial, dando a impressão de uma visão externa e analítica da frente da casa.

Em seguida, pedi para analisar o estilo do meu texto. E a resposta foi:

O estilo do texto é imaginativo, sugestivo e bem cuidado, e cria uma experiência sensorial para o leitor. 

Enfim, no campo da ficção, a Inteligência Artificial nos dá novas perspectivas criativas.

Pode servir como musa inspiradora e como leitora crítica.

Cabe a você pegar uma resposta fria e racional e reescrevê-la para apelar aos sentimentos e imergir o leitor na história, contar antes de mostrar.

Por fim, no campo da ficção, IA também pode ajudar a classificar histórias em diferentes gêneros, o que ajuda a determinar o público-alvo com mais precisão, além de fornecer análise das batidas emocionais de um texto, o que certamente vai te ajudar a aprimorar sua narrativa.

Se você escreve poesia, a mãozinha da Emily Dickinson biônica também funciona para:

  • Inspirar, sugerindo temas, imagens e palavras-chave para ajudar o poeta a encontrar inspiração e desenvolver sua poesia.
  • Analisar estilos, identificando tendências, como ritmo, rima, metáfora e assonância.
  • Identificar problemas como repetições, uso excessivo de determinadas palavras ou frases.
  • Autocompletar versos: sim, por incrível que pareça, a AI pode aprender o estilo de um poeta e completar versos ou frases.

Inteligência Artificial na Não Ficção

Já no campo das escritas técnica, acadêmica, analítica e comercial, nas quais a veia racional é mais latente, a coisa fica ainda mais interessante.

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Pedi para a Naomi Klein Virtual (logo ela, anticapitalista), me sugerir ideias para um livro sobre a criação de ofertas de produtos de informação.

Ela me retornou com os seguintes temas:

  • Copywriting e escrita persuasiva
  • Criação de ofertas atraentes de produtos
  • A psicologia do preço
  • Entendendo o comportamento do comprador
  • Elaboração de cartas de vendas eficazes
  • Otimizando landing pages para conversões
  • Projetando funis de vendas de alta conversão
  • Superando objeções e fechando a venda
  • E-mail marketing e automação
  • Testes e refinamento de ofertas para aumentar os resultados.

Então, eu pedi:

“Me sugira, por favor, 5 ideias de títulos para um livro sobre funis de e-books”.

E as respostas foram:

  • “O Poder de Funis de Livros: Um Guia para Impulsionar Suas Vendas Online”
  • “De Zero a Herói: Como Construir Funis de Livros Eficazes para Conversões Aumentadas”
  • “O Segredo do Sucesso em Lançamentos de Livros: Construindo um Funil de Livros de Alta Conversão”
  • “Funis de Livros 101: O Guia Definitivo para Crescer Sua Carreira de Autor”
  • “Maximizando Sua Alcance: Um Guia Passo a Passo para Construir Funis de Livros que Convertem”.

Eu poderia ficar dias pensando em ideias e títulos para o livro e agora posso fazer isso em segundos.

Mas, Eldes, isso não faz com que os livros corram o risco de ficarem todos iguais daqui para a frente?

Aí é que entram as habilidades e talentos de cada autor.

Parafraseando Mario Quintana, mais importante do que as respostas, são as perguntas bem-formuladas.

Fazer as perguntas certas, e com a devida profundidade, é crucial ao lidar com a Inteligência Artificial.

Você também precisa saber lidar com os diferentes tipos de cérebros do leitor, para poder construir um texto com mais possibilidade de ser bem avaliado, o que abordo com mais profundidade no livro “Escrita Hipnótica – A Arte de Escrever Textos Persuasivos e Contar Histórias Que Instigam”.

O fato é que IA pode ajudar escritores de não ficção de muitas maneiras:

Na sugestão de títulos e subtítulos, brainstorm, organização de ideias, estruturação de capítulos, fornecimento e verificação de fontes, insights e fatos, identificação de padrões e tendências em dados, em geração de perguntas para entrevistas, análise de legibilidade e contagem de palavras, entre outras.

No entanto, a consciência humana ainda é insuperável não apenas na formulação de perguntas, mas no direcionamento e no molho do texto.

Sem fazer as perguntas certas, sem usar seu próprio senso crítico e reflexões, você pode até escrever um livro inteiro usando Inteligência Artificial, mas ele será mais um no balaio de gato insosso dos autores que estão mais preocupados em ganhar dinheiro do que em ajudar de verdade seus leitores.

Para terminar, eis mais algumas maneiras de se aproveitar da parceria de uma AI na vida escrita profissional. Ela pode te ajudar com:

  • Sugestões, análises e otimizações de palavras-chave, o que é fantástico para estratégias de SEO.
  • Tradução do seu texto automaticamente para vários idiomas, facilitando seu acesso e alcance a públicos mais amplos.
  • Edição e revisão ortográfica e gramatical.
  • Criação de imagens, gráficos e ilustrações.
  • Escrita de conteúdos para redes sociais e para anúncios, desde que você tenha uma mínima noção de copywriting para direcionar esse auxílio.
  • Apoiar a escrita colaborativa, permitindo que escritores compartilhem e recebam feedback sobre seu trabalho de outros escritores.

No fim, você tem duas opções:

Se sentir na sarjeta da amargura, achando que nunca será capaz de escrever como o Bot do Dostoievski, ou abraçar o poder da AI para levar sua escrita para o próximo nível, facilitar sua vida e ter ainda mais liberdade criativa.

Recomende este artigo:

11 comentários em “O Futuro dos Livros: Inteligência Artificial na Escrita.”

  1. Excelente artigo.

    Entendo que a partir dessa geração, a AI estará cada vez mais presente e, dentro em pouco, será inevitável.

    A prática é que vai fomentar o estilo e o gosto: se natural ou sintético, cada um escolherá o seu.

    Para a “velha guarda” talvez continuar escondido por trás da montanha de livros que vai lendo ao longo da vida, ainda seja a melhor opção, mas entendo que esse comportamento está prestes a desaparecer.

    Usar a Inteligência Artificial com sabedoria irá determinar o tipo de ganho que se possa ter com o uso da tecnologia.

    A boa e velha mente humana – capaz de armazenar gigabytes de informação e processar com humanidade – ainda parece ser imbatível.

    Aguardemos o futuro! Que já chegou!

    Josué Ebenézer

    1. Sou da teoria de que a Inteligência Artificial necessita da consciência humana.

      Assim, e por ter mais capacidade de processamento de dados, também deve entender que humanos são necessários.

      O nome é Inteligência e não Estupidez Artificial.

      Uma AI não destruiria o mundo apenas para se vingar do criador ou para punir os seres de carne e osso.

      Isso é premissa de ficção científica apenas.

      A máquina pode até compreender o que é a consciência, mas nunca terá uma.

      Porque trata-se de metafísica, de algo além dos cinco sentidos, daquilo que nos acompanha desde a infância e é a mesma na velhice.

      Consciência não é mente.

      Já a máquina é apenas física.

      Se em algum momento, alguém encarnar como uma lava-louça ou como um Osprey da IBM, aí a gente pode começar a se preocupar.

  2. Bem… só sei que somos seres evolucionários, e nossa capacidade criativa e de manifestação é infinita, embora nos tenham omitido essa Verdade há eons, agora está vindo à luz, com força total e não é de forma artificial. Maravilhoso!!
    As artificiais, certamente estão vindo para ficar; e quanto mais despertos consciencialmente, mais o bom, o belo e o verdadeiro estarão disponíveis para nós. Aqui então, encontro meu lugar neste novo mundo, enquanto escritora e comunicadora, alinhada com um propósito – não exatamente utilizando e estimulando outros a fazerem, mas propondo, provocando e promovendo a capacitação da Inteligência e da Criatividade Humanas inatas e insubstituíveis. Se AI pode, por que nós não? Vale comparar e experimentar.
    Bora descalcificar, exercitar e expandir a pinea!!
    Obrigada pela oportuna reflexão, Eldes!!

  3. Eldes,

    será um comentário superficial. A profundidade diante da sua análise carece de tempo de reflexão.

    Fazer as perguntas certas, você comentou. Aqui dentro da mente veio algumas premissas. Ter conteúdo, muita leitura e leituras diversas. A outra premissa é saber, intuir, imagjnar o que deeja consultar.

    A outro ponto que o escritor precisa se dispor, experimentar, testar, adquirir familiaridade com a tecnologia, sem isto, sua capacidade de análise e principalmente de escolha vai para o ralo.

    Enfim, está aberto para esta inovação. E enquanto a IA não aprende, sejamos nós que imprimamos as emoções nos romances.

  4. Eldes, na Editora Madrepérola, onde eu atuo, a IA já é uma realidade. Principalmente no setor de comunicação e divulgação.

    Ela nos ajuda a ganhar muito mais tempo na criação de postagens e na produção de ideias de conteúdos sobre nossos livros.

    Parabéns pelo artigo!

  5. Valeu a leitura, informativa e otimista. Usar da tecnologia em proveito da humanidade, sabendo que, por enquanto, a criatividade humana é insuperável.

  6. José Antônio CoimbraQ

    Olá Eldes, como sempre você à frente do nosso tempo. Como sabe vc me preparou para publicar meu 1° livro “O Guardador de Memórias”. Será que a IA se prestará ao escritor como eu? Forte abraço.

  7. Ednilson José da Silva

    Santa coincidência, meu caro; sexta feira um amigo falou a respeito da Mid Journey, e mostrou alguns exemplos de imagem gerada. Impressionante, e meio assustador.
    Havia uma imagem de um caminho na floresta com uma riqueza de detalhes, tons e luzes que imaginei que tomaria tempo razoável a um artista humano pra compor.

    O meu único medo não é a tecnologia, e sim o velho hábito humano de delegar demais. Tendemos a nos habituar de tal modo a tecnologia que, sem ela, ficamos desnorteados – que atire a primeira pedra quem não se incomoda por passar algumas horas sem Wi-Fi/Internet.
    Mas agradeço pelo insight; você sugeriu e mencionou usos construtivos para AI que eu provavelmente não imaginaria sozinho É sempre um prazer, e um privilégio, ler suas considerações.

    Forte abraço

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