5 Erros Comuns que Autores Infanto-Juvenis Cometem e Como Evitá-los

Nos últimos 11 anos como editor na Casa do Escritor, ajudei a trazer mais de 30 livros infantis e infanto-juvenis ao mundo.

Escrever para crianças e adolescentes é uma jornada
emocionante, mas também repleta de desafios.

Há livros que se tornam sucessos estrondosos, chegam a virar filme, e outros que mínguam nas livrarias, seja nas estantes virtuais ou de madeira.

Autores do gênero enfrentam o desafio de lidar com uma geração indiscutivelmente mais conectada do que qualquer outra.

Uma turminha que, a cada ano, se torna cada mais ligada no digital, na multimídia, na interatividade.

O fato é que hoje crianças e adolescentes estão menos
propensos a se sentarem no sofá ou na cama com um livro na mão.

Isso nos leva a questões profundas sobre formatos, recursos e se a tecnologia deve evoluir para acomodar os livros ou se os livros devem evoluir para acomodar a tecnologia.

Que livros se sairão melhor nesse admirável mundo novo, de redes sociais e inteligências artificiais?

Que formatos têm mais chances de vender mais, os digitais ou os impressos?

O autor deve fazer marketing para os pais para que estes orientem as crianças para a leitura ou deve assumir um papel mais ativo e falar diretamente com o público mirim?

É vital para quem deseja atuar no ramo, ficar atento às mudanças, que acontecem cada vez mais rápidas.

Desta forma, como você pode se destacar e realmente conectar-se com seus jovens leitores?

Se você deseja gerar um impacto significativo no crescente mercado de literatura infanto-juvenil, deve, pelo menos, evitar os cinco erros comuns, que muitos autores cometem ao entrar neste mercado.

O primeiro deles é…

1. Subestimar as Crianças

O primeiro erro na nossa lista é talvez o mais fundamental
e, infelizmente, também o mais comum: subestimar o público.

Uma crença equivocada é que, porque você está escrevendo
para um público mais jovem, o processo deve ser mais fácil ou mais simples.

Isso não poderia estar mais longe da verdade.

Crianças e adolescentes são leitores notavelmente
perspicazes e exigentes.

Eles podem não ter a experiência de vida de um adulto, mas
têm um instinto aguçado para quando algo não ressoa com eles.

Subestimar seu público pode levar a histórias que são
superficiais, personagens unidimensionais e tramas previsíveis.

O resultado?

Seu livro será esquecido tão rapidamente quanto foi lido, se
é que será lido até o final.

Crianças e adolescentes querem histórias que os desafiem,
que os façam pensar, que os façam sentir.

Eles querem histórias que respeitem sua inteligência e sua
capacidade emocional.

A solução para esse erro começa com pesquisa.

Antes de escrever a primeira palavra, você deve ter uma
compreensão clara de quem é seu leitor ideal.

Isso vai além de apenas idade, envolve entender seus
interesses, seu nível de maturidade emocional, e até mesmo as tendências
culturais que estão atualmente capturando sua imaginação.

Ao longo do processo de escrita, mantenha sempre seu público
em mente.

Pergunte-se constantemente:

Isso é algo que meu leitor ideal acharia interessante?

Ressoa com eles?

A história os desafia de uma forma que eles achariam
gratificante?

Nunca subestime seus leitores só porque eles são jovens.

Eles são a razão de você estar escrevendo em primeiro lugar,
então dê-lhes o respeito e a consideração que merecem.

Uma boa história deve ser algo que eles queiram ler, não
apenas o que você quer escrever.

E isso nos leva ao segundo erro…

2. Falta de Identificação com o Leitor

Crianças e adolescentes têm um radar muito apurado para autenticidade.

Leia:  O Ritual Matinal que Transformou a Escrita de Stephen King: Uma Jornada Motivacional

Se eles sentem que a história não foi escrita “para eles”, vão perder o interesse rapidamente.

Isso inclui linguagem inadequada para a faixa etária, tramas que não ressoam ou personagens que não são críveis.

O resultado é uma obra que falha em engajar seu leitor.

Para corrigir isso, você precisa exercitar a empatia em um nível profundo.

Imagine-se no lugar do seu leitor.

Que tipo de desafios ele enfrenta?

Quais são seus sonhos, medos e desejos?

Quando você consegue responder a essas perguntas, começa a escrever histórias que encantam.

Passe algum tempo criando “personas” para seus leitores ideais.

Isso não é algo apenas para estrategistas de marketing, mas uma técnica valiosa para escritores que almejam o reconhecimento do seu público.

Pense em faixa etária, interesses, ambiente social e outros aspectos que definem o seu leitor ideal.

Escreva estas informações e mantenha-as à vista enquanto escreve.

Depois, pense nas emoções que você quer despertar nesses leitores.

Você quer que eles se sintam inspirados, emocionados, tranquilos ou animados?

Como eles devem se conectar com a história e os personagens?

As emoções são o coração pulsante de qualquer boa história.

Sem emoção, não tem envolvimento.

Sem emoção, o leitor deixa o livro de lado ou o esquece rapidamente.

O terceiro erro é…

3. Ignorar o Processo de Edição

Entusiasmo e paixão são qualidades maravilhosas em quem escreve, especialmente quando você está focado em cativar o coração e a mente dos jovens leitores.

No entanto, esse mesmo entusiasmo pode às vezes levar a decisões apressadas, como publicar a primeira versão do seu manuscrito.

Quando você completa o primeiro rascunho de um manuscrito, é natural sentir uma onda de alívio e realização.

No entanto, é fundamental entender que a escrita é um processo iterativo.

A ideia de que o primeiro rascunho está “bom o suficiente” para ser publicado é um engano perigoso que pode comprometer a qualidade e o sucesso da sua obra.

O feedback é a pedra angular do processo de revisão.

Leitores beta, editores, revisores e até outros escritores podem fornecer opiniões valiosas que você, como o autor, pode não perceber.

Eles podem apontar inconsistências na trama, falhas na caracterização e até mesmo erros gramaticais que passaram despercebidos.

Revisar não é algo que você faz uma vez e pronto, é um processo contínuo que pode exigir várias rodadas de ajustes.

O objetivo é refinar e aprimorar sua obra até que ela não apenas atenda, mas supere as expectativas do seu público-alvo.

Antes de qualquer coisa, disponibilize seu manuscrito para um grupo diversificado de leitores beta, de preferência com a mesma faixa etária do seu leitor ideal, e profissionais da área.

Analise as críticas e sugestões e implemente as mudanças que achar necessárias.

Dependendo das avaliações, você pode precisar passar por várias rodadas de revisão para aprimorar sua obra até que ela atenda às expectativas do seu leitor.

Não desanime!

Cada rodada te deixa um passo mais perto do sucesso.

O quarto erro é…

4. Achar Que o Ponto Final é o Fim do Trabalho

Se você acredita que escrever um livro é toda a batalha, sinto informar que você está apenas na metade do caminho.

O lançamento do seu livro é uma etapa tão crucial quanto a escrita, e ignorá-la pode ser um erro custoso.

Nunca se esqueça disso: escrever é uma arte, publicar é um negócio.

Um erro comum entre escritores, especialmente aqueles que estão começando, é pensar que uma vez que o manuscrito está completo, o trabalho está feito.

Essa mentalidade pode levar a lançamentos apressados e mal planejados, que não fazem justiça à qualidade do seu trabalho.

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Um lançamento bem executado faz mais do que apenas apresentar seu livro ao mundo, ele define o tom para todo o ciclo de vida da sua obra.

Ele gera o famoso boca-a-boca, atrai a atenção da mídia e, mais importante, captura o interesse dos seus leitores-alvo.

Um lançamento fraco, por outro lado, pode fazer com que até mesmo o melhor dos livros não saia do limbo.

Hoje em dia, os livros são consumidos em vários formatos: impresso, e-book, áudio, e até mesmo como conteúdo serializado em plataformas online.

Cada canal tem suas próprias melhores práticas para lançamento e marketing.

Planeje como você vai lançar seu livro em cada um desses canais para maximizar seu alcance.

Comece com uma forte campanha de pré-lançamento que pode incluir teasers, capítulos de amostra e promoções especiais.

No dia do Lançamento, faça um evento—virtual e/ou físico—interaja com os leitores, responda perguntas e gere interesse.

E depois disso, continue com entrevistas, participações em blogs, e mantendo uma presença ativa nas redes sociais.

Um bom lançamento pode fazer toda a diferença.

Planeje cuidadosamente como você vai apresentar seu livro ao mundo, considerando tanto e-books quanto livros físicos.

O que nos leva ao último erro, mas certamente não menos importante…

5. Negligenciar o Marketing

A crença de que um bom livro se venderá automaticamente tão logo seja lançado não é apenas ingênua, mas também perigosa.

Mesmo o melhor livro não fará sucesso se ninguém souber que ele existe.

Ignorar o marketing é como construir um farol no meio de um deserto.

Não importa quão brilhante seja a luz, ela não servirá ao seu propósito se ninguém a vir.

Sem um plano de marketing sólido, você arrisca ver seu livro afundar no oceano de novas publicações que inundam o mercado todos os dias.

Além disso, negligenciar o marketing é, na verdade, um desrespeito ao trabalho árduo que você investiu na criação da sua obra.

O marketing de um livro é um projeto multifacetado que inclui muitas variáveis.

Se você não está disposto nem possui as habilidades necessárias, pense seriamente em contratar alguém para cuidar do marketing para você.

Um livro infanto-juvenil hoje não sobrevive sem comunidades em redes sociais, sem parcerias com escolas, sem resenhas de blogueiros e críticos literários, sem participação em eventos e feiras de livros, sem e-mail marketing.

Promover é uma parte da alma do seu livro.

Negligenciar o Marketing é preparar o terreno para o fracasso, independentemente da qualidade da sua escrita.

Conclusão

O caminho para o sucesso na literatura infanto-juvenil é repleto de potenciais armadilhas.

Subestimar seu público, falhar em se conectar com eles, publicar versões prematuras do seu manuscrito, planejar inadequadamente o lançamento e negligenciar o marketing são apenas algumas delas.

Cada um desses erros pode ser evitado com diligência, pesquisa e planejamento.

Se você está comprometido em deixar uma marca no universo literário infanto-juvenil, é crucial que você invista tanta energia na pesquisa, edição, lançamento e marketing do seu livro quanto investe na escrita.

Publiquei um guia completo que aborda esse e outros aspectos essenciais da escrita infanto-juvenil, chamado “Fábrica de Histórias: Desvendando o Livro Infantil”.

Ele fornece um mapa detalhado para cada etapa da jornada de escrita, desde a concepção da ideia até o lançamento bem-sucedido.

Você vai querer ter esse livro ao seu lado enquanto navega pelas complexidades do mercado literário infanto-juvenil.

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E se tem alguma dúvida sobre o mercado de livros para o público mirim, me deixe saber nos comentários.

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