Se você é fã de quadrinhos, com certeza já se pegou pensando em como criar histórias instigantes.
Daquelas que o leitor pega e só larga quando acaba.
Vou te contar um segredo: tudo parte de uma boa premissa.
Mas o que é uma premissa, afinal?
São as ideias centrais que vão guiar a trama da história.
É como se fosse uma espécie de “esqueleto” bem básico, que sustenta toda a narrativa.
Sem uma premissa forte, a história fica sem rumo e os personagens perdem a motivação.
Tome nota. Uma boa premissa combina, em uma ou duas frases:
O personagem central + sua motivação ou objetivo + o mundo em que vive + os obstáculos ou conflitos que enfrenta.
E deve gerar curiosidade para que o leitor queira saber mais, o que é crucial para manter o interesse na história.
Por exemplo, vamos supor que você vá contar uma história de crime e mistério futurista.
Uma boa premissa pode ser…
“Em uma cidade futurista (mundo), um detetive cibernético (personagem) deve perseguir um hacker habilidoso (objetivo) que está causando caos e destruição (conflito).”
Esse modelo funciona para qualquer tipo de história.
“Um poeta angustiado, que detém o poder de colocar as pessoas para sonhar (personagem), tenta compreender (objetivo) como isso causou o apocalipse (conflito + mundo)”.
Ou
“Em 2073 (mundo), um perigoso traficante (personagem) escapa da prisão e é perseguido (objetivo é fugir) por um clone (conflito) reprogramado pelo governo do Rio de Janeiro (mundo).“
Usei essas duas premissas em roteiros de HQs que escrevi: “O Plantador de Sonhos” e “Ditto Fúria”.
Além de guiar a história, as premissas também ajudam a definir o tom e o estilo.
Uma história com uma premissa mais séria pode ter um clima mais sombrio e pesado, enquanto uma história com uma premissa mais leve pode ser mais divertida e descontraída.
Mas não pense que definir as premissas é uma tarefa fácil.
É preciso muita criatividade e planejamento para criar uma história coesa e envolvente.
Iniciar uma história em quadrinhos requer um compromisso significativo de tempo, então certifique-se de ter interesse suficiente em seus personagens e enredo para ver seu projeto até o fim.
A fase de brainstorming varia de pessoa para pessoa, mas você pode esperar que sua ideia original evolua um pouco enquanto está começando.
Certifique-se de manter um caderno à mão para anotar diálogos, esboços e ideias de história quando elas surgirem em sua mente.
Isso posto, comece com a famosa pergunta “E se?”.
E se tal situação acontecesse com tal personagem?
Eis uma maneira de criar diferentes circunstâncias que podem levar a uma premissa e, eventualmente, a uma história.
Por exemplo, você pode perguntar o que aconteceria se um adolescente pudesse viajar para o paleolítico?
E se um orfão milionário vestisse uma fantasia de morcego para dar cabo da sua vingança?
E se o tempo fosse palpável?
Uma boa história é sempre sobre um personagem com uma motivação ou objetivo e quem vai contribuir e quem vai impedi-lo de realizar seu desejo.
Responda:
- Quem é o personagem principal da sua história?
- Onde e em que tempo a história se passa?
- O que o personagem deseja?
- Por que não consegue?
- Que atitudes toma em relação a isso?
- E como isso termina?
Elas são a base de tudo e vão ajudar a guiar a sua narrativa do começo ao fim.
Depois de levantar uma lista de ideias e escolher uma delas, vale a pena refletir se você está mesmo a fim de escrever a história.
Ninguém escreve bem sem vontade de escrever.
Uma grande premissa parte de uma perspectiva única e de uma curiosidade genuína.
Se não desperta curiosidade em você, não vai despertar no leitor.
Pergunte-se a si mesmo o que mais te excita na ideia que pretende explorar.
O que mais atrai sua curiosidade e por quê?
Escolha uma premissa que você acredita.
Com a avalanche de conteúdo serial despejada online e em papel todos os dia, sua visão criativa será o grande diferencial.
Aliás, defina uma premissa que você acredita fortemente.
Depois de pensar em si mesmo, pense na outra ponta:
Por que o público se importará?
Uma vez que você descobriu com qual ideia de história se conecta, encontre uma maneira de conectá-la ao público.
Em muitos aspectos, contar histórias é sobre a exploração da experiência humana.
Qual faceta da experiência humana sua história envolve?
Isso se conectará à sua premissa e fará com que a história importe para um público.
Existem inúmeras experiências humanas que podem gerar boas conexões para uma história em quadrinhos, e tudo depende do tipo de história que você deseja contar.
Algumas experiências comuns incluem:
- Amor e romance
- Traição e decepção
- Luta pelo poder e controle
- Sobrevivência e superação de adversidades
- Mudanças e transformações pessoais
- Conflitos familiares e pessoais
- Viagens e aventuras
- Identidade e busca pela verdadeira natureza
- Questões sociais e políticas
- Exploração de mundos imaginários
Essas são apenas algumas ideias, mas a verdadeira chave para uma conexão emocional forte com os leitores é apresentar uma história autêntica e bem desenvolvida que aborda as experiências humanas com empatia e profundidade.
Não tenha medo de pensar fora da caixa e criar premissas únicas e originais.
Afinal, é isso que faz uma HQ se destacar das demais.
O texto impulsiona a ação visual e preenche detalhes importantes da trama e traços de personagem.
Se seu objetivo é fazer uma história em quadrinhos que pareça coesa e bem projetada de capa a capa, desenvolva seu roteiro antes de tudo.
Caso contrário, você corre o risco de acabar com um monte de painéis que podem ter que ser retrabalhados ou descartados se a narrativa não se alinhar com eles.
Iniciantes perceberão muito rapidamente que revisar o texto é muito mais fácil do que redesenhar uma página inteira.
Se você deseja escrever histórias em quadrinhos, eu revelo algumas técnicas cruciais em “A arte de escrever histórias em quadrinhos: roteiro, publicação e marketing de HQs independentes“.
O livro cobre todos as etapas da criação de histórias em quadrinhos, da escolha do público-alvo, passando pelo roteiro e produção, até o marketing.
E vai te ajudar a colocar sua história no papel e a criar sua HQ, seja uma revistinha, uma graphic novel, um álbum ou uma tirinha.
Você vai descobrir os passos para criar, produzir e lançar uma HQ independente sem a necessidade de uma editora.
E ainda encontra um desafio para construir público como quadrinista no Instagram e um modelo detalhado de roteiro para quadrinhos.