Batidas Emocionais – Anatomia de um Best-Seller – Parte 6

Nos cinco primeiros artigos da série “Anatomia de um BestSeller”, abordamos Temas Universais, Enredo, Personagens capazes de se conectar com o leitor, Ambientação e a Qualidade da Escrita como ingredientes fundamentais dos livros com poder de encantar mentes, corações e bolsos dos leitores.

No capítulo de hoje, vamos mergulhar no sexto item da lista de dez partes capazes de transformar simples histórias em grandes sucessos.

Você já se perguntou por que algumas histórias te cativam desde a primeira página, enquanto outras falham em criar esse elo emocional?

A resposta muitas vezes está nas “batidas emocionais” — os momentos que definem a experiência emocional tanto dos personagens quanto dos leitores.

No mundo competitivo da escrita criativa, entender como fazer uso desse recurso pode ser o diferencial entre uma trama descartável e uma obra inesquecível.

E já que estamos falando de Best-Sellers, você sabe o que “O Código da Vinci” tem a ver com “Cinquenta Tons de Cinza”, além do fato de ambos terem vendidos mais de 100 milhões de cópias?

Eles possuem batidas emocionais bastante similares.

Teria isso alguma relação com o número de cópias vendidas?

Isso faz parte do desafio que propus para alguns autores da oficina de escrita criativa “A Joia da Coroa.

Na verdade, a conexão emocional com o leitor é muitas vezes o que diferencia um livro bom de um verdadeiramente excepcional.

Livros que conseguem evocar uma gama de emoções — seja fazendo o leitor rir, chorar, ficar nervoso ou inspirado — têm o poder de deixar uma impressão duradoura.

Se durante uma leitura, você não sente nada, o livro será esquecido rapidamente.

A habilidade de tocar o coração do leitor também leva a recomendações boca a boca, garantindo que o livro continue a ser lido e apreciado por novas gerações de leitores.

Por isso, o desenvolvimento de personagens conectáveis com leitor, como você pode ver no capítulo 3 desta série, é crucial.

Quanto mais o leitor se identificar com um personagem, maior a probabilidade das emoções desse personagem ressoarem com ele.

Além disso, o timing também é essencial: saber quando introduzir elementos emocionais para maximizar o impacto faz toda a diferença.

Por fim, é necessário que tudo soe real.

Emoções forçadas ou artificiais são fáceis de detectar, podem gerar o sentimento inverso ao que o autor esperava, e fazer com que o leitor deixe o livro de lado.

Nos últimos 12 anos, como autor e como editor na Casa do Escritor, tenho estudado a fundo as características que fazem com que livros caiam no gosto popular.

Nesta série, trago para você 10 ingredientes que tornam livros inesquecíveis com exemplos e dicas práticas para você aprimorar sua escrita.

O sexto grande aprendizado que quero compartilhar com você é…

“O Coração de um Best-Seller Pulsa no Ritmo de Suas Batidas Emocionais”

O que são exatamente essas “batidas emocionais” e por que elas são tão relevantes para se contar uma história?

Batidas emocionais são os momentos cruciais de uma narrativa que provocam uma mudança emocional ou psicológica nos personagens e, por consequência, no leitor.

Elas não são apenas eventos de enredo; são os pontos onde a história toca o coração e a mente de quem a experimenta.

Pode ser um olhar, uma decisão, uma revelação — qualquer instante que altere de forma significativa o estado emocional ou a trajetória do personagem.

Elas são relevantes porque colocam o leitor em uma montanha-russa de emoções, gerando engajamento e profundidade.

Ao focar nas batidas emocionais, você não está apenas contando o que acontece, mas também como isso afeta o mundo interno dos personagens.

Isso torna a história mais poderosa.

Nossas lembranças estão profundamente ligadas às emoções que experimentamos.

Estudos em neurociência mostram que o hipocampo, a área do cérebro responsável pela memória, trabalha em conjunto com a amígdala, o centro emocional, para codificar e armazenar experiências.

Este entrelaçamento entre emoção e memória não é um mero acaso, mas uma característica evolutiva que nos ajuda a navegar pelo mundo com mais eficácia.

Quando você experimenta uma forte emoção, seja ela positiva ou negativa, a amígdala “marca” essa memória como importante.

Esse marcador emocional serve como um sinal para o cérebro, destacando a memória para fácil recuperação no futuro.

É por isso que momentos emocionantes são frequentemente os mais vívidos e duradouros em nossas mentes.

Então, tome nota: se você quer que o leitor nunca se esqueça de sua história, faça-o sentir em vez de apenas ler.

As batidas emocionais agem como os marcadores emocionais em suas histórias.

Elas capturam a atenção do leitor, tornando certos momentos mais memoráveis e significativos.

No entanto, é importante não confundir batidas emocionais com eventos do enredo que, embora estejam intimamente relacionados, têm funções distintas na narrativa.

Eventos de enredo são os acontecimentos físicos ou ações que movem a história adiante.

Eles podem ser tão simples quanto um personagem pegando um objeto ou tão dramáticos quanto uma explosão que muda o curso da trama.

Já as batidas emocionais são os momentos que revelam uma mudança emocional ou psicológica no personagem, marcando um ponto de inflexão na história.

Elas adicionam profundidade e camadas ao enredo, tornando-o mais envolvente e autêntico.

Por exemplo, um evento de enredo pode ser um personagem recebendo uma carta.

A batida emocional é a mudança que ocorre nele ao ler o conteúdo da carta, como uma súbita percepção ou um conflito interno que se manifesta.

Assim, enquanto os eventos de enredo fornecem a estrutura esquelética da sua história, as batidas emocionais são a carne e o sangue que a animam.

Em “Cinquenta Tons de Cinza”, a dinâmica entre Christian Grey e Anastasia Steele é repleta de batidas emocionais que moldam seu relacionamento e mantêm os leitores engajados.

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Uma batida emocional significativa ocorre quando Ana descobre a “Sala Vermelha”, o espaço de Christian para práticas de BDSM.

O momento desafia as percepções de Ana sobre amor e relacionamentos, abrindo um leque de questões emocionais e éticas para ela e para o leitor.

Já em “O Código Da Vinci”, uma batida emocional marcante ocorre quando Robert Langdon decifra o primeiro de vários códigos.

O momento muda a visão de Langdon sobre a situação, aumentando sua determinação e seu compromisso com a busca pela verdade.

A resolução atua como um catalisador para ações e decisões futuras, além de elevar o nível de engajamento do leitor.

Com tudo isso exposto, aqui vão 4 dicas para você rechear sua história com emoção e torná-la inesquecível:

1. Identifique os momentos-chave para emocionar

Você estruturou sua história inteira, seguindo um dos modelos presentes nos Best-Sellers.

Antes de escrever, identifique os momentos-chave do enredo com potencial para uma forte batida emocional.

Se está na dúvida, as batidas emocionais funcionam melhor nos eventos cruciais para o desenvolvimento do personagem ou para o avanço do enredo.

Coloque um olho crítico sobre sua estrutura, prestando atenção nos momentos em que sente uma mudança emocional ou psicológica nos personagens.

Pense nos altos e baixos emocionais que você quer que seus personagens e leitores experienciem.

Pergunte-se: que emoções podem ser exploradas?

Para cada momento-chave, decida qual emoção você quer que o personagem e o leitor sintam.

Pode ser algo como surpresa, tristeza, alegria, ou um complexo misto de sentimentos.

Reflita como essas batidas podem afetar a dinâmica entre personagens e o engajamento emocional do leitor.

Durante a escrita, foque em construir essas batidas de forma orgânica.

Aproveite diálogos e pensamentos do personagem para dar voz à emoção, oferecendo uma janela para o mundo interior do personagem.

Em vez de simplesmente declarar o que o personagem está sentindo, mostre isso por meio de suas ações, escolhas e reações aos eventos de enredo.

Não force, deixe que as batidas emocionais fluam naturalmente da progressão da trama e do desenvolvimento do personagem.

Lembre-se que menos é mais.

A tentação de incluir batidas emocionais em cada cena pode ser grande, mas isso pode resultar em saturação emocional e diminuir o impacto de momentos realmente significativos.

E uma boa trama é feita de tensão e alívio, tensão e alívio.

2. A ordem entre ação e emoção importa

A ordem em que a ação e a emoção ocorrem pode impactar significativamente o impacto emocional.

Considere se a emoção deve preceder a ação para criar suspense, ou seguir a ação para maximizar o impacto.

Quando Anastasia Steele tem que entrevistar Christian Grey para o jornal da faculdade é um exemplo.

O evento de enredo é uma entrevista simples, mas as batidas emocionais são complexas, que vêm antes e depois da entrevista em si.

O nervosismo de Ana, misturado com a curiosidade e a atração que ela sente por Christian, torna essa cena muito mais do que uma mera entrevista.

Use contrastes entre ação e emoção para criar tensão.

Por exemplo, um personagem pode estar fazendo algo rotineiro, como tomar café, enquanto lida com uma revelação devastadora.

Use ritmo e pausas para permitir que o leitor absorva a batida emocional.

Não tenha medo de desacelerar a narrativa para focar em um momento emocional significativo.

Após terminar de escrever, volte e revise, concentrando-se em como as emoções e as ações estão entrelaçadas.

Certifique-se de que as batidas emocionais estão servindo para aprofundar os personagens e avançar o enredo.

3. Varie a intensidade emocional entre os atos

O gráfico a seguir, retirado do livro “O Segredo do Best-Seller”, de Jodie Archer e Matthew L. Jockers, aponta as variações emocionais de “Cinquenta Tons de Cinza” e “O Código Da Vinci”.

Repare nas variações entre tensão (picos) e alívio (vales), bastante semelhantes nas duas histórias.

A diferença é que o livro de Dan Brow termina com uma batida para cima, com a resolução dos enigmas, e o de E.L. James com uma batida para baixo, abertura de caminho para a continuação.

As batidas emocionais de ambos os livros se sobrepõem de maneira praticamente simétrica.

Assim como uma música tem altos e baixos, o mesmo deve acontecer com a sua história.

E esses altos e baixos precisam ser distribuídos entre os atos ou partes da sua estrutura, conforme você se aprofundou no ENREDO, capítulo 2 desta série.

Se todas as suas batidas emocionais são intensamente dramáticas, o leitor pode se tornar insensível a elas.

Se elas são sutis e contidas, o leitor pode não as perceber.

Varie entre momentos de alta tensão emocional e outros mais sutis ao longo da estrutura de sua trama.

Isso ajudará a manter o leitor engajado e fará com que as batidas emocionais mais intensas sejam ainda mais impactantes.

Em meus estudos, condensei as batidas emocionais intensas em sete grupos:

  • Batidas de Transformação: emoções diante de mudanças significativas na trama ou no personagem, como uma virada, uma realização ou uma revelação.
  • Batidas de Conflito: emoções relacionadas com obstáculos e suas superações, como angústia e choque diante de um desafio ou fracasso, surpresa e felicidade diante de um triunfo ou resolução.
  • Batidas de Relacionamentos: emoções focadas na dinâmica entre personagens, como rejeição, aceitação, traição etc.
  • Batidas de Estado Emocional: emoções como esperança, desespero, alívio e tensão, que descrevem o estado emocional do personagem.
  • Batidas de Autoconhecimento: estão relacionadas ao desenvolvimento pessoal do personagem, como a culpa e a dúvida.
  • Batidas de Decisões: emoções com base nas escolhas e seus resultados, como perda, ganho, consequências.
  • Batidas de Validação: emoções a partir da validação ou invalidação de ações ou crenças do personagem, como decepção ou confirmação.
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Em “O Código da Vinci”, a curiosidade (transformação) é despertada já na palestra de Langdon, onde somos apresentados a um conhecimento que prenuncia o que está por vir.

Essa sensação é abruptamente substituída por surpresa e choque quando um corpo é descoberto no Louvre (conflito), instigando o mistério central da trama.

Conforme as pistas são decifradas, como na Monalisa, sentimos um misto de alívio e antecipação (estado emocional), uma revelação que nos aproxima da verdade.

No entanto, a jornada não é fácil.

Fugindo de Fache, a tensão e a adrenalina dominam a cena (conflito), numa corrida contra o tempo.

Sophie, mostrando sua destreza, soluciona um quebra-cabeça (validação), trazendo uma sensação de orgulho e realização.

Com a resolução do enigma templário (autoconhecimento), a euforia toma conta, marcada por descobertas monumentais.

Mas o medo e o suspense ainda rondam, especialmente quando Remy e Silas entram em cena (relacionamento), trazendo ameaça e incerteza.

O desfecho, com o caso solucionado (decisão), deixa uma satisfação palpável no ar, uma conclusão digna de um mistério tão envolvente.

Já em “50 Tons de Cinza”, a faísca inicial é acesa com a entrevista e um novo encontro entre Anastasia e Christian, gerando excitação e antecipação (transformação).

Porém, um momento de desconforto e vulnerabilidade surge quando Anastasia passa por uma situação constrangedora ao vomitar (estado emocional).

A chama da paixão é reacesa e intensificada no primeiro encontro íntimo do casal, preenchendo o ambiente com desejo ardente (relacionamento).

Mas nem tudo são rosas.

O lado sombrio de Christian e suas regras impõem confusão e hesitação, revelando um novo panorama do relacionamento (autoconhecimento).

Aprofundando-se ainda mais nos sentimentos (decisão), o segundo encontro é marcado por intimidade e confiança.

No entanto, dúvidas surgem, especialmente quando Kate questiona a relação (conflito), provocando reflexão e preocupação.

A aventura e a sensação de liberdade (estado emocional) se destacam durante o voo no planador, um breve respiro na trama.

Tensões antigas ressurgem no jantar com Mrs. Robinson (relacionamentos), trazendo ciúmes e desafios do passado de Christian.

A tristeza e a resignação dominam o final (decisão), marcando o difícil término e os sentimentos conflitantes que o cercam, deixando uma porta aberta para o segundo livro.

4. Varie a emoção primária nas cenas

Conflitos são o coração de qualquer narrativa.

Eles movem a trama, provocam evolução dos personagens e mantêm o leitor ou espectador engajado.

Eles estão presentes nos atos, mas também são necessários cena a cena.

Assim, da mesma forma, para uma cena ser eficaz e memorável, é essencial haver uma transformação emocional.

Como já foi dito, ela não precisa ser intensa, impactando personagem e leitor como as batidas emocionais entre atos, mas é necessária no personagem.

A mudança na emoção primária do personagem central de uma cena, do início ao fim, não apenas demonstra desenvolvimento, mas também reflete a consequência do conflito.

No começo da cena, o protagonista pode estar confiante, pronto para enfrentar um desafio.

No entanto, ao enfrentar obstáculos ou descobrir informações novas, essa confiança pode ser abalada, transformando-se em dúvida ou incerteza.

Esta mudança não apenas mostra a vulnerabilidade do personagem, mas também aprofunda a conexão do público com ele.

Por outro lado, uma cena pode começar com o protagonista sentindo-se desesperado ou perdido, e, à medida que os eventos se desenrolam, ele pode encontrar esperança ou determinação.

Esta progressão de um estado emocional negativo para um positivo pode servir para inspirar e motivar tanto o personagem quanto o público.

Mudanças emocionais também são essenciais para evitar a monotonia.

Se um protagonista mantém a mesma emoção do início ao fim de uma cena, pode não haver tensão ou progresso perceptível na história.

As emoções estáticas em cenas podem fazer a trama parecer estagnada, diminuindo o investimento emocional do público.

Além disso, as transformações emocionais ajudam a ilustrar o impacto dos eventos na psique do protagonista.

Cada experiência, cada conflito enfrentado, deve contribuir para a formação e evolução do personagem.

As mudanças emocionais são uma representação externa dessa evolução interna.

Segundo Eric Edson, roteirista americano, existem quatro categorias principais de emoções para avançar a ação dramática em uma cena:

Raiva, tristeza, felicidade e medo.

Assim, se o protagonista começa a cena irado, ele deve terminar ou triste, ou feliz, ou com medo.

Se ele começa a cena triste, deve terminar ou irado, ou feliz, ou com medo.

Se começa feliz, termina com medo, irado ou triste.

Se começa com medo, termina irado, triste ou feliz.

E você pode e deve ampliar esses estados, pois em cada um deles existe uma infinidade de emoções relacionadas:

Mudar a emoção primária do começo para o fim da cena gera variação emocional, sem pesar no leitor, permitindo que as emoções intensas sejam realçadas nos momentos certos.

Por fim, após escrever seu livro, nas etapas de reescrita, revisão e edição, reavalie suas batidas emocionais.

Elas são eficazes?

Elas surgem naturalmente ou parecem forçadas?

Faça os ajustes necessários para torná-las mais impactantes e coerentes com a história.

No próximo capítulo, a sétima parte desta série, vamos nos aprofundar em ritmo, mais um ingrediente indispensável na criação de Best-Sellers.

Adoraria ouvir você e sua experiência sobre batidas emocionais.

Quais livros te fizeram rir, chorar, se emocionar?

Compartilhe suas opiniões nos comentários abaixo.

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13 modelos de estruturas narrativas para desenvolver tramas instigantes, cada uma com questões fundamentais para conduzir a história parte por parte.

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