Qual a importância da originalidade em um livro?
Nos sete primeiros artigos da série “Anatomia de um BestSeller”, abordamos Temas Universais, Enredo, Personagens, Ambientação, Qualidade da Escrita, Batidas Emocionais e Ritmo, como ingredientes fundamentais dos livros com poder de encantar mentes, corações e bolsos dos leitores.
O oitavo componente do Best-Seller, talvez o mais importante deles, justamente porque ultrapassa os limites das habilidades narrativas e entra no terreno da persuasão, se vale de uma combinação de fatores neurológicos e evolutivos.
Como você já viu nos capítulos anteriores, envolver um leitor parte da habilidade do autor em ser criativo em diversas partes da construção de uma história, redefinindo as expectativas do leitor a todo momento.
Porém, a inventividade não reside apenas nas habilidades literárias de quem escreve.
Podemos e devemos pular o muro que separa o escritor do leitor e buscar respostas e caminhos também na biologia e na química humanas.
Somos seres com uma necessidade inerente pelo novo, pelo original e pelo inesperado.
Nosso cérebro é programado para responder a novidades.
Quando nos deparamos com uma inovação, com uma surpresa, o cérebro libera neurotransmissores como a dopamina, que está associada ao prazer e à motivação.
Tal mecanismo evoluiu como uma forma de nos encorajar a explorar e aprender sobre o nosso ambiente, o que era essencial para a sobrevivência e para a adaptação de nossos ancestrais.
Assim, a busca por novidade pode ser vista como um meio de se adaptar às mudanças inerentes ao universo em que vivemos.
Por meio de experiências novas e desafiadoras, desenvolvemos habilidades e conhecimentos que aumentaram nossas chances de sobrevivência.
Este impulso, então, nos permitiu inovar e evoluir ao longo do tempo.
O fato é que a experiência do novo e do original gera uma série de reações no cérebro, que estimulam áreas relacionadas ao prazer, aprendizado e memória.
Obtemos prazer com o novo, o que podemos observar nas relações amorosas, onde os princípios são sempre irrigados pela paixão.
Há uma frase do Millôr Fernandes que resume bem isso:
“Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem.”
Aprendemos com o novo desde crianças, explorando os desafios que a vida nos apresenta, seja na escola ou no meio social.
E tendemos a nos lembrar dos momentos mais marcantes em nossas vidas.
Quando algo inesperado ou fora do comum acontece, nosso cérebro tende a dar mais importância a esse evento, gravando-o mais profundamente em nossa memória de longo prazo.
Isso explica por que frequentemente recordamos com mais clareza os momentos que nos surpreenderam, positiva ou negativamente, ou desafiaram nossas expectativas.
As reações químicas decorrentes da “novidade” reforçam nossos comportamentos exploratórios e criativos também na literatura.
Um livro surpreendente grava um selo de qualidade em nossa memória.
“Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, por exemplo, cativou leitores com sua narrativa envolvente e com o pioneirismo no gênero do realismo mágico.
Márquez misturou o cotidiano com o fantástico de maneira tão fluida, que as fronteiras entre realidade e ficção se tornaram imperceptíveis.
Outro exemplo que considero notável é “Casa de Folhas”, de Mark Z. Danielewski.
O livro, a história de um documentário fictício sobre uma família, rompeu as convenções por meio de sua estrutura física incomum
Com páginas de estilo e disposição atípicos, o texto é acompanhado por extensas notas de rodapé, que muitas vezes contêm outras notas, referenciando obras fictícias.
Sem falar na distribuição irregular das palavras e linhas nas páginas, que às vezes exigem que o livro seja girado para ser lido.
Danielewski também utilizou múltiplos narradores, que interagem de maneiras complexas e intrincadas, criando uma colcha literária envolvente e curiosa.
Tanto Márquez, quanto Danielewski, demonstraram que reinventar a estrutura do enredo pode ser mais do que uma técnica literária.
Eles abriram portas para mundos onde as regras convencionais não se aplicam, onde cada página virada é um salto para o desconhecido.
E, desta forma, aumentaram a descarga de dopamina no cérebro do leitor.
Obviamente, essas obras são conhecidas pela sua originalidade abrangente, no gênero e na forma.
Porém, a originalidade também precisa estar presente em vários “cantos” da história.
Assim, o oitavo grande aprendizado que quero compartilhar com você é…
“Originalidade Gera Best-Sellers”
Ao fazer o leitor se perguntar “Espera aí! O que está acontecendo aqui?”, três coisas acontecem.
Você prende a atenção, estabelece uma conexão emocional mais profunda com quem te lê e ativa os mecanismos instintivos da curiosidade e da exploração.
A dopamina escorre pelo cérebro, à medida que vai grudando o leitor nas páginas.
Desta forma, ao apresentar reviravoltas, mistérios intricados, cenários que desafiam a lógica, ou simplesmente desafiar as normas narrativas, você engaja o leitor não apenas intelectualmente, mas também no nível neuroquímico.
Isso o mantém interessado e faz com que sinta uma enorme satisfação à medida que desvenda a trama, passo por passo.
Do ponto de vista da narrativa, criar momentos de surpresa e desconforto é essencial para manter a atenção do leitor.
Ao incorporar elementos inesperados na história – seja via tema, enredo, personagens, ambientação, da própria qualidade da escrita, das batidas emocionais e do ritmo – você cria um senso de mistério e expectativa.
Cada página virada se torna uma busca por respostas e compreensão.
E, finalmente, também gera uma maior empatia e conexão com os personagens, à medida que os leitores se veem refletidos em suas lutas para entender o mundo ao seu redor.
Com isso posto, trago aqui 5 dicas para perseguir a originalidade em suas histórias…
1. Redefina o Conhecido
A redefinição do conhecido é um dos pilares mais fascinantes e desafiadores da escrita criativa, especialmente no mundo da ficção.
Dar nova vida a temas e ideias que, à primeira vista, podem parecer desgastados ou batidos, é um desafio.
Oferecer uma perspectiva fresca e original sobre o que é familiar também requer o uso dos neurônios, neste caso, os do autor.
Você consegue reinterpretando temas clássicos, subvertendo clichês e buscando inspiração em exemplos de reinvenção.
Dar novas perspectivas a temas clássicos é uma maneira poderosa de redefinir o conhecido.
Pegue uma ideia ou um tema que tenha sido explorado extensivamente na literatura e dê-lhe um novo sopro de vida com uma abordagem única.
Essa reinterpretação pode ser feita de várias formas, como mudar o cenário, introduzir personagens inesperados ou adotar um ponto de vista diferente.
Por exemplo, muitos temas clássicos, como amor, traição, guerra e paz, foram reinventados inúmeras vezes, mas ainda assim, novas histórias emergem continuamente, oferecendo novas interpretações e insights.
Por isso, nunca se desmotive, achando que já existem muitos livros sobre um determinado tema.
Em vez disso, foque em buscar uma perspectiva única, em lançar um olhar fresco sobre aquilo que as pessoas já conhecem de longa data.
Um exemplo notável é “O Conto da Aia” de Margaret Atwood.
O romance redefine a distopia ao focar especificamente na opressão das mulheres, uma abordagem rara no gênero na época de sua publicação, na década de 1980.
Atwood infundiu a distopia com questões de gênero e poder, tornando-a uma obra profundamente relevante e provocativa.
Ao fazer isso, desafiou as convenções do gênero e criou uma obra que ressoa fortemente com as questões contemporâneas.
Outra maneira é subverter clichês e estereótipos.
Estes são, por definição, elementos previsíveis e excessivamente simplificados que levam o leitor ao tédio e ao desinteresse.
Porém, quando são virados de cabeça para baixo, podem se tornar algo completamente novo e empolgante.
A subversão consciente desses elementos pode criar uma sensação de surpresa e novidade.
“Laranja Mecânica” de Anthony Burgess, subverteu o clichê da narrativa juvenil ao introduzir o “Nadsat”, um socioleto inventado que mistura gírias russas e inglesas com um inglês distorcido.
A linguagem única oferece uma visão distinta e perturbadora da juventude e da violência, levando os leitores a uma experiência literária inesquecível.
Burgess não apenas contou uma história sobre delinquência juvenil, mas criou um mundo onde a linguagem em si se torna uma ferramenta para explorar e expressar temas de rebeldia e controle social.
Observar como outros autores conseguiram transformar temas e conceitos desgastados em algo fresco e original pode oferecer valiosas.
A literatura está repleta de exemplos de escritores que redefiniram o conhecido de maneiras surpreendentes e inovadoras.
Com a mescla natural do cotidiano com elementos sobrenaturais, Gabriel García Márquez consegue explorar, em “Cem Anos de Solidão”, temas como o tempo, a memória e a mortalidade de maneiras que seriam impossíveis em um cenário estritamente realista.
Tudo dentro de um fluxo natural e, fundamentalmente, crível.
Desta forma, redefinir o conhecido na ficção é um ato de equilíbrio entre respeitar as tradições literárias e desafiar as expectativas.
O autor que compreende isso é capaz de criar obras que são, ao mesmo tempo, familiares e surpreendentemente novas.
O respeito às tradições literárias não significa que você não possa utilizar ferramentas modernas para te ajudar nessa tarefa.
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2. Busque à Singularidade na Construção de Personagens
Personagens bem desenvolvidos e distintos são o coração de qualquer história de sucesso.
Você já viu, no capítulo III desta série, sobre a importância de criar personagens que façam os leitores se sentirem em suas peles.
Dê a eles traços memoráveis, introduza perspectivas originais e enfatize a diversidade e a profundidade como elementos-chave de originalidade.
Isso não significa apenas dotar os personagens de características físicas ou traços peculiares, mas também dar profundidade emocional e psicológica distintas.
Personagens memoráveis muitas vezes possuem uma mistura complexa de forças, fraquezas, desejos e medos.
Eles devem evocar empatia, permitindo que os leitores se vejam refletidos em suas jornadas e desafios.
O protagonista de “As Aventuras de Pi”, de Yann Martel, não é apenas um menino em um barco com um tigre.
Pi é um personagem profundamente complexo, cuja jornada abrange questões de fé, identidade e sobrevivência.
Sua interação com o tigre, Richard Parker, não é apenas uma luta física pela sobrevivência, mas também uma metáfora para os desafios internos e sua busca por significado em circunstâncias extraordinárias.
Pi é inesquecível não apenas por sua situação única, mas pela maneira como ele lida com ela, refletindo uma complexidade emocional que ressoa com o leitor.
Use os personagens também para introduzir perspectivas originais.
Isso significa ir além do convencional e permitir que eles desafiem as normas e apresentem visões de mundo únicas.
Essa abordagem pode ser particularmente eficaz em histórias que exploram temas sociais, culturais ou filosóficos, como veremos no próximo capítulo desta série.
Em “Jonathan Strange & Sr. Norrell” de Susanna Clarke, os personagens principais são magos inseridos em um cenário histórico realista.
Clarke não se limita a inserir elementos mágicos em uma narrativa histórica.
Ela usa seus personagens para explorar temas de poder, rivalidade e as consequências da ambição.
Jonathan Strange e Mr. Norrell são mais do que meros magos, são representações de ideologias e escolhas filosóficas contrastantes.
Lembra aquele modelo de inspiração de colocar dois personagens, um de cada lado de uma ideia, cada um com suas motivações e visões de mundo?
Por meio deles, Clarke oferece uma perspectiva única sobre a história e a magia, fazendo com que a trama do livro seja não apenas original, mas também profundamente reflexiva.
Por fim, enfatize a diversidade e a profundidade como elementos-chave de originalidade.
Personagens diversos, em termos de etnia, gênero, orientação sexual, classe social, entre outros, oferecem uma gama mais ampla de perspectivas e experiências, enriquecendo a narrativa e tornando-a mais inclusiva.
Um exemplo marcante é encontrado em “Se Esta Rua Falasse” de James Baldwin, que tem o Harlem da década de 70 como pano de fundo.
Baldwin não se contenta em retratar a vida dos pretos americanos, mas o faz com uma profundidade raramente vista na literatura da época.
Ele mergulha nas complexidades das relações interpessoais, das lutas contra o racismo sistêmico, nas aspirações e medos de seus protagonistas.
E nos oferece uma janela para um mundo cheio de nuances, tornando a história tanto um espelho de sua época quanto um comentário atemporal sobre a condição humana.
Desta forma, use seus personagens para expressar perspectivas originais não apenas físicas, mas também emocionais, intelectuais e espirituais.
Uma nova perspectiva nesses aspectos beneficia a história, mas também celebra a diversidade e complexidade do espectro humano, oferecendo aos leitores uma experiência literária mais rica e empática.
3. Inove em Ambientação e Mundo
Ao desenvolver cenários e universos fictícios não convencionais, incorporar detalhes culturais e históricos para criar mundos únicos e explorar ambientações capazes de romper com as expectativas tradicionais, o autor transporta o leitor para um espaço completamente novo e envolvente.
Eis uma maneira eficiente de estabelecer o pano de fundo, enquanto enriquece a experiência de leitura, adicionando profundidade e textura à história.
Desenvolver cenários e universos fictícios além do convencional, requer uma mistura de criatividade, pesquisa e imaginação.
Isso significa ir além dos lugares-comuns e clichês de gêneros específicos e criar mundos que são tão ricos e detalhados quanto são originais.
Em “Neuromancer”, de William Gibson, por exemplo, o conceito de ciberespaço – uma representação virtual da rede de computadores – foi algo revolucionário para a época.
Além de criar um cenário futurista, Gibson também introduziu um espaço onde o real e o virtual se fundem, criando um ambiente que se tornou um marco na ficção cyberpunk.
O universo fictício que criou, com suas peculiaridades e regras próprias, não só serve como um pano de fundo instigante, mas também como um elemento crucial que molda as ações e as reações dos personagens.
IA também pode funcionar como uma incomparável mão biônica na construção de ambientações originais.
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Outra maneira de inovar na ambientação é através da incorporação de detalhes culturais e históricos.
“Atlas de Nuvens”, de David Mitchell, é um exemplo exemplar dessa técnica.
O livro apresenta seis histórias diferentes em seis épocas e estilos distintos, interligadas de maneira sutil.
Mitchell cria vários mundos, cada um deles imbuído de detalhes específicos em suas culturas e histórias, o que torna cada um deles único, sem levar à descrença.
Essa multiplicidade de cenários e tempos permite uma exploração rica de temas universais, como poder, amor, opressão e liberdade, com lentes culturais e históricas variadas.
Você também pode explorar ambientações que rompam com as expectativas tradicionais.
Experimente desafiar as normas do gênero, misturando elementos de diferentes tradições literárias ou criando mundos que desafiam a lógica convencional.
“A Cidade & A Cidade”, de China Miéville, apresenta duas cidades que fisicamente se sobrepõem, mas são percebidas separadamente pelos habitantes.
Esta configuração singular desafia a compreensão tradicional de espaço e geografia, forçando os leitores a reconsiderarem suas próprias percepções de cidade, comunidade e identidade.
Miéville usa essa ambientação única para explorar temas de divisão social, percepção e realidade.
E aqui reside o pulo do gato: faça a inovação trabalhar para os temas e para a narrativa e não o contrário.
A ambientação em uma obra de ficção não pode ser apenas um pano de fundo para a ação, como você já viu no capítulo IV desta série.
O cenário é parte integral da narrativa, capaz pode moldar e definir a experiência de leitura.
Ao inovar na criação de mundos e ambientes, você desafia e expande as expectativas dos leitores, proporcionando uma fuga da realidade ou uma lente através da qual se pode examinar e refletir sobre ela.
Eis uma maneira eficiente de capturar a imaginação dos leitores, convidando-os a explorar novos territórios e a ver o mundo com olhares diferentes.
Quem não gostaria de passar um tempo em Hogwarts?
Os mundos fictícios tornam-se espaços onde o impossível se torna possível, onde o real e o imaginário se entrelaçam, e onde os leitores podem se perder – e se encontrar – nas infinitas possibilidades da imaginação humana.
4. Experimente a Distinção no Estilo, na Voz e nas Técnicas Narrativas
Você também pode oferecer aos seus leitores uma experiência inesquecível e transcender as convenções e expectativas comuns, experimentando estilos de escrita, voz e técnicas de escritas inovadoras.
Não basta apenas contar a história, é preciso contar de uma maneira que seja exclusivamente sua.
Experimentar com estilos de escrita inovadores permite explorar novos caminhos e abordagens na narrativa.
Misture gêneros, brinque com a estrutura da trama, use linguagens que desafiam as normas.
“Matadouro-Cinco”, Kurt Vonnegut, por exemplo, mistura ficção científica, sátira e elementos autobiográficos em uma narrativa não linear.
Ele desafia as formas tradicionais de contar histórias, criando uma experiência de leitura única, que reflete o caos e a desorientação da guerra, tema central da obra.
Vonnegut não apenas conta uma história sobre um soldado na Segunda Guerra Mundial, como faz o leitor sentir a descontinuidade do tempo e a arbitrariedade da vida, elementos essenciais à mensagem do livro.
Destaque e distinga à voz do narrador, pois é ela que envolve os leitores desde a primeira linha.
Em “A Garota no Trem”, de Paula Hawkins, a história é contada por múltiplos narradores, cada um com uma voz única e uma perspectiva diferente sobre os eventos da trama.
Essa escolha de múltiplas vozes e narradores não confiáveis cria um suspense e mistério que mantêm os leitores engajados.
Hawkins constrói uma narrativa complexa, onde a verdade é constantemente obscura e o leitor é levado a questionar tudo o que é apresentado.
Utilize técnicas narrativas distintas para se diferenciar.
Você pode fazer isso através do uso de uma estrutura de enredo incomum, de uma maneira única de desenvolver personagens, ou ainda, de uma abordagem especial para diálogos e descrições.
Donna Tartt, em “O Pintassilgo”, combina uma prosa detalhada com uma trama envolvente que transita por vários gêneros, de drama a suspense.
Tartt tece uma história com riqueza de detalhes e profundidade emocional, criando uma tapeçaria literária que cativa o leitor com sua complexidade e beleza.
Sua narrativa é meticulosa e imersiva, permitindo que os leitores se percam (no bom sentido) no mundo diverso que criou.
Portanto, a escolha do estilo narrativo e a voz do narrador são tão importantes quanto a própria história.
Muitos Best-Sellers não são notáveis apenas pelo que contam, mas também pela forma como contam.
Ao desafiar as normas e explorar novos territórios de estilo e voz, você não apenas aprimora suas habilidades narrativas, mas também contribui para a evolução e diversidade da literatura.
5. Reinvente a Estrutura do Enredo
Por fim, você também pode revitalizar a arte de contar histórias manipulando a estrutura do enredo para surpreender os leitores, integrando reviravoltas e plot twists inesperados, e experimentando com estruturas não lineares e narrativas fragmentadas.
Mexer na estrutura do enredo para surpreender os leitores é uma técnica que requer criatividade e habilidade.
Subverta as convenções de gênero, altere a ordem de eventos ou introduza elementos inesperados que desafiam a percepção do leitor.
A estrutura única de “Casa de Folhas” também serve para aprofundar o mistério e a complexidade da história, tornando o livro de Mark Z. Danielewski uma obra verdadeiramente inovadora.
A integração de reviravoltas e plot twists surpreendentes é outra forma eficaz de reinventar a estrutura do enredo.
“Lincoln no Bardo”, de George Saunders, é um exemplo de como a mistura de realidade e ficção pode criar uma narrativa cativante.
Situado em um espaço entre a vida e a morte, o livro combina vozes fictícias e históricas de uma maneira que desafia as expectativas tradicionais de narrativa.
Saunders cria uma experiência de leitura, ao mesmo tempo, desorientadora e profundamente emocional, usando a estrutura do enredo para explorar temas de perda, luto e o que significa ser humano.
Experimente com estruturas não lineares e narrativas fragmentadas, ou subverta a ordem de estruturas narrativas conhecidas.
Isso permite jogar com a percepção do tempo e da realidade, oferecendo aos leitores uma experiência mais dinâmica e interativa.
“A Visita Cruel do Tempo”, de Jennifer Egan, emprega uma variedade de estilos narrativos, incluindo um capítulo em formato de apresentação de slides, para contar histórias interconectadas.
Egan explora as vidas dos personagens de maneiras que uma narrativa tradicional não poderia.
O resultado é uma mistura rica e multifacetada que forma um retrato coeso, mas complexo, de histórias sobre a condição humana.
A reinvenção da estrutura do enredo não é apenas uma questão de inovação estilística, mas também uma ferramenta para aprofundar a compreensão e o envolvimento do leitor com a história.
Ao desafiar as expectativas e oferecer novas maneiras de experimentar a narrativa, podemos criar obras que permanecem com o leitor muito depois de terem terminado o livro.
Mais do que apenas um exercício de criatividade, a busca pela originalidade é também uma forma de manter a literatura viva e relevante, em evolução contínua e refletindo a impermanência ao do mundo nosso redor.
No próximo capítulo, vamos abordar mais um ingrediente dos Best-Sellers: sua relevância cultural e social.
Adoraria ouvir você e sua experiência sobre originalidade na escrita
Quais livros você considera únicos, seja através da redefinição de um gênero, de personagens singulares, da ambientação inovadora, do estilo, voz e narrativa únicos ou da reinvenção da estrutura do enredo.
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Domine a Inteligência Artificial e escreva histórias fabulosas 5x mais rápido, nesmo que você nunca tenha escrito nada.
1 comentário em “Originalidade – Anatomia de um Best-Seller: Parte 8”
Depois de ler o seu artigo sobre originalidade na escrita, percebi que estou a milhões de anos-luz de ser original no que escrevo. Continuo preso a uma narrativa linear, a personagens comuns, a cenários corriqueiros. Preciso evoluir muito para melhorar como escritor. Fora isso, estou agarrado a personagens clássicos como Dom Quixote e Julien Sorel de O vermelho e o negro de Stendhal. Preciso ler autores novos e criativos, anticonvencionais e originais em suas ideias, na construção de novos paradigmas literários.